PMs aprovam em assembleia operação padrão até a sexta-feira
Grupo
de Policiais Militares, na porta do Palácio do Campo das Princesas,
centro do Recife, decidiu em assembleia, antes de deflagrar uma
eventual greve, por aumento de salários, realizar uma operação
padrão (espécie de operação tartaruga), de forma a pressionar o
governo do Estado por melhorias sem poder ser acionado na
Justiça do Estado. Legalmente, ao menos, a categoria é proibida de
promover paralisações. Aos PMs também é vedada a participação
em movimentos políticos.
As
associações sindicais definiram a operação padrão como o ato de
ir para rua com todos os instrumentos de trabalho e
equipamentos/viaturas, como manda as regras da corporação.
“Policiais saem todos os dias faltando equipamentos básicos. Um
parecer da PGE diz que soldado e cabos não podem comandar viaturas,
que devem, inclusive, estar em perfeito funcionamento. Viaturas com
no mínimo 3 componentes”, explicaram.
A
nova concentração da categoria foi convocada para às 14h da
próxima sexta-feira, no Derby, com uma nova passeata até o Palácio
do Governo.
De
acordo com a Associação de Cabos e Soldados, o governo do Estado
tem até esta data para aprovar ou analisar a proposta da classe.
Categoria
seguiu até o Palácio do Governo. Foto: Diego Nigro/JC Imagem
De
imediato, eles informaram que a partir desta terça-feira ninguém
mais vai tirar o PJES (Programa de Jornada Extra de Segurança,
trabalhos extras nas folgas que os PMs fazem junto à própria
corporação para completar a renda). Antes de discutir a
possibilidade de greve, uma das opções apresentadas pelos oradores
à categoria foi o aquartelamento, que consistia em ficar de braços
cruzados nas corporações, ao lado dos oficiais.
No
evento desta terça-feira, o deputado estadual Joel da Harpa chamou o
governador Paulo Câmara de irresponsável, em mais de uma
oportunidade.
Alberisson
Carlos, da ACS-PE (vídeo
acima),
disse que a categoria pode radicalizar na sexta-feira, se não tiver
resposta satisfatória.
O
novo secretário de Defesa Social também foi criticado, por não ter
chamado às associações para negociação.
Nesta
terça-feira, o governo do Estado mudou a relação com a categoria.
De forma inusitada, a assembleia transcorreu em clima de culto, com
várias citações de passagens bíblicas exortando os guerreiros e
criticando os que não tivessem coragem de lutar.
Nos
discursos, os oradores também fizeram questão de afastar a crítica
de que estavam fazendo uso político do movimento. Uma das
argumentações era de que este momento (dezembro de 2016) e o
próximo ano não são de eleições (estaduais). No entanto, ao
menos dois dos líderes do movimento são ligados ao PTB e ao PSDB,
dois partidos de oposição ao PSB.
O
evento começou a ser gestado por volta das 14 horas, na Praça do
Derby, onde ocorreu uma concentração e depois os policiais saíram
em caminhada pela Avenida Conde da Boa Vista, no Centro do Recife.
Na
chegada ao Palácio do Campo das Princesas, os PMs que participavam
da manifestação fizeram provocações ao efetivo na Casa Militar,
oficiais e PMs.
O
governo do Estado recusou-se a receber as representações sindicais.
Seis integrantes da comissão de PMs entraram por volta das 19h30
para entregar a pauta de reivindicações.
Jose
Roberto Vieira, presidente da Aspra, Associação de Cabos e
Soldados, antes mesmo da deliberação, garantia que a paralisação
iria ser imediata caso a categoria deflagrasse greve.
Há
oito meses governo e associações fechara acordo, evitando uma
paralisação.
A
categoria alega que vários itens do acordo não foram cumpridos e
quer voltar a negociar sobre um Programa de Valorização
Profissional, que inclui a implantação da remuneração na forma de
subsídio para todos os cargos dos militares e bombeiros e a revisão
do Plano de Cargos e Carreiras (PCC), de forma aos salários se
equipararem aos da Polícia Civil.
Em
outubro, o Estado negociou com a Polícia Civil um plano de reajuste
– a ser implementado entre janeiro de 2017 e dezembro de 2018 –
no qual o salário de fim de carreira dos agentes vai se igualar ao
piso dos delegados.
Hoje,
o salário inicial de um soldado é de R$ 3,6 mil, com
auxílio-transporte. O de um agente é R$ 3,2 mil, mas passa para
cerca de R$ 3,7 mil em janeiro e R$ 3,9 mil em 2018.
No
acordo firmado com os PMs, em abril, foi oferecido R$ 400 de auxílio
transporte para os praças e R$ 600 os oficiais, ativos e inativos,
além de R$ 750 de auxílio uniforme, entre outros itens.
O
presidente da Associação de Cabos e Soldados (Aspra), José Roberto
Vieira, critica o fato de o governo ter passado a negociar com os
comandos, quando há dois anos já havia se formado uma mesa com as
entidades de classe.
“Nada
contra os coronéis, mas quem fala pela tropa são as entidade
representativa de classes. Para que então foi criada a mesa de
negociação?”, questiona, por meio de nota.
Negociações
O
Diário Oficial de Pernambuco trouxe nesta terça-feira (6) a
revogação de uma portaria que instituía um fórum para as
negociações salariais e por melhorias para os policiais militares
do Estado. Com o fim do grupo, que era formado por representantes da
Secretaria de Administração (SAD) e por oficiais, os ajustes serão
feitos a partir de agora pelo comando geral da corporação.
Os
policiais militares marcaram para esta tarde, na Praça do Derby, na
área central do Recife, uma assembleia em que podem deflagrar greve.
A categoria pede a apresentação de um plano de cargos e carreiras
como foi feito com os policiais civis, que têm aumentos para de 2017
e 2018 definidos e, no fim da aplicação do acordo, terão seu teto
equiparado ao piso dos delegados.
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