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sábado, 17 de maio de 2014

Retórica de um soldado

PUBLICADO EM 16/05/2014 ÀS 15:13 POR  EM NOTÍCIAS

Por Leonardo Régis, soldado do BM/PE
Eis aqui a minha retórica, Jamildo, não a de um “bem formado policial” mas a de um “bem informado policial”.
Deixando de lado as questões diretamente políticas levantadas por você no texto em questão, venho mostrar minha tristeza, de maneira geral com alguns setores da imprensa pernambucana que, principalmente quando estão “ao vivo” ou “no ar” falam coisas e tecem opiniões as quais desconhecem completamente e o que é pior, tendenciam a população a crerem que os que reivindicam melhorias assim o fazem por pura irresponsabilidade.
O caos e a barbárie se instaurou na RMR; em 50 horas de paralisação, saques, roubos e assassinatos foram cometidos não com a certeza da impunidade (essa certeza é uma constante independente de greve de policiais) mas pela ausência do estado coercitivo, através da policia militar.
Ora, se o serviço policial/bombeiro militar é tão essencial à população, porque não tratá-lo como tal?
Porque deixar um soldado da PM/BM com 20 anos de serviços prestados (sim, muitos têm 20 anos de serviços prestados e ainda são soldados) inconformados com sua situação a ponto de crer que só a sua paralisação, de um serviço que não deveria parar, é capaz de frear tanto desrespeito ao policial/bombeiro?
O bom policial/bombeiro (em qualquer profissão existe o bom e o mau profissional) não se sente confortável em ter que participar de uma paralisação.
Como disse uma jornalista na rádio (e dessa vez ela acertou) policiais e bombeiros têm família e também estão sujeitos à violência. Claro que sim. Nossa família, inclusive, já está acostumada a lidar diariamente com a possibilidade de uma tragédia.
Recentemente um leitor disse ” triste do país em que um policial ganha mais que um professor”; qualquer profissão deve possibilitar condições dignas de vida; em uma sociedade capitalista e bastante desigual, umas possibilitam ganhos maiores, até “estratosféricos”, seja pelo apelo comercial e de entretenimento que ela ostenta (jogadores de futebol), seja pela quantidade de estudo acumulado (juízes, médicos, engenheiros, etc), e outras remuneram menos, mas não menos importantes, seja pela responsabilidade social que possuem (professores), seja pelo risco que correm (policiais e bombeiros).
Em um jornal, não me lembro qual, publicaram uma tabela com a escala de trabalho e os salários dos PM’s/BM’s, acredito eu, induzindo o leitor a crer que trabalhamos com relativa folga.
Quando alguém que sofreu muito na vida recebe um “alento” costumamos dizer que “pra o que ela já tinha está até de bom tamanho”.
Em um passado não muito distante, policiais e bombeiros, além do constante assedio moral sofrido, viviam em escalas apertadíssimas e sobreviviam com salários impublicáveis. 99% dos policiais tinham outro emprego ou “viração” como se costuma chamar, pois simplesmente não conseguiam viver com o seu salário de policial.
Esses salários impublicáveis, aliás, eram pagos pelo governo do qual fez parte um certo político que, constantemente vem dando entrevistas em rádios locais acusando os policiais de “motim”, uma expressão tão distante da realidade atual do serviço policial/bombeiro militar quanto as migalhas que o seu governo pagava.
Mas isso são opiniões muito pessoais minhas quanto ao militarismo das policias e bombeiros.
Aliás, agora nem estou mais tão convicto quanto a isso.
Enquanto a sociedade se comporta como se estivesse em guerra, roubando com sorriso no rosto, à luz do dia, a policia deve agir com o rigor militar necessário, também como se estivesse em guerra.
Como disse, essa é minha opinião. Não é uma verdade absoluta, é a minha verdade. Acho que minha e de mais alguns eu, creio.
PS do Blog. A coluna eletrônica, smepre fiel ao pluralismo, convidou dois dos líderes do movimento (Joel da Harpa e Alberisson Carlos) para escreverem artigos para publicação.
http://blogs.ne10.uol.com.br/jamildo/page/2/http://sargentoricardo.blogspot.com.br/

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