Policiais do Rio ameaçam entrar em greve às vésperas da Copa do Mundo
Polícia Civil quer incorporação de gratificação de 850 reais ao salário. Pezão tem até o dia 15 para enviar projeto à Alerj. PM também inicia reivindicação
Pâmela Oliveira, do Rio de Janeiro
Outdoor fixado em frente ao prédio da chefia de Polícia, no Centro do Rio,
anuncia a possibilidade de greve (Pâmela Oliveira/Veja.com)
anuncia a possibilidade de greve (Pâmela Oliveira/Veja.com)
O governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, tem duas semanas para conter mais uma crise na Polícia Civil.
Os agentes, que reclamam do abismo salarial entre os policiais e
delegados, exigem a incorporação ao salário de uma gratificação de 850
reais e ameaçam entrar em greve caso não tenham a reivindicação
atendida – o valor integra o programa Delegacia Legal, de modernização
das delegacias. Na terça-feira, a categoria estabeleceu um prazo: se
Pezão não apresentar o projeto de incorporação na Assembleia Legislativa
do Rio de Janeiro (Alerj) até o dia 15, os agentes farão uma assembleia
para votar a possibilidade de greve.
Nesta
sexta, perdem a gratificação policiais grávidas, baleados em dias de
folga, aqueles que estão de licença ou férias e os aposentados. “Uma
policial que engravida perde a gratificação e precisa recorrer à Justiça
para não ter o salário diminuído. Isso é cruel”, disse o presidente do
Sindicato dos Policiais Civis do Estado do Rio de Janeiro (Sindpol),
Francisco Chao.
O
governo está pressionado por outra categoria: policiais militares
articulam, caso a Polícia Civil obtenha a incorporação, um movimento de
greve para também cobrar aumento salarial.
A julgar
pela opinião dos cerca de mil policiais que participaram da assembleia
realizada na terça-feira, no Clube Municipal, na Tijuca, sem a
incorporação da gratificação o risco de paralização é elevado. Uma
greve a poucos dias da Copa do Mundo – quando são previstas
manifestações e confrontos nas ruas – é uma ameaça capaz de comprometer o
governo de Luiz Fernando Pezão, pré-candidato ao governo do Rio.
“A
categoria está muito ressabiada. Em dezembro, o governador Sérgio
Cabral se comprometeu a incorporar a gratificação Delegacia Legal
durante reunião com o sindicato, no Palácio Guanabara. Pezão, assim que
assumiu o governo, afirmou que atenderia a reivindicação e nos pediu que
esperássemos até o dia 15 de maio. A demora está sendo nociva porque
está minando a confiança da categoria”, afirmou Chao ao site de VEJA.
Outro
sindicato que representa os policiais fixou outdoors com a ameaça de
greve dos agentes. No texto, o Sindicato dos Policiais Civis do Rio de
Janeiro (Sinpol) afirma: "Pezão, a bola é sua! Atenda a categoria e
evite greve na Copa".
De
acordo com o Sindpol, o salário inicial bruto de um agente é de cerca
de 4.500 reais, incluindo a gratificação Delegacia Legal. Com os
descontos, o valor líquido cai para 3.500 mil. O ganho de um delegado no
início da carreira, segundo planilha do Sindpol, é de 15.000 reais.
“O
salário de um agente da polícia civil do Rio não é condizente com a
qualificação que é exigida no concurso e com a responsabilidade de um
inspetor. O concurso exige terceiro grau, mas a remuneração é uma das
mais baixas do país”, afirma Chao.
Delegados – A
reivindicação de incorporação da gratificação tem o apoio dos
delegados. Em 28 de abril, o Sindicato dos Delegados de Polícia do
Estado do Rio de Janeiro entregou uma Moção de Apoio assinado por 365
delegados no Palácio Guanabara.
No
texto, os delegados narram as dificuldades enfrentadas pelos agentes e
afirmam que a remuneração insuficiente causa estresse e necessidade de
busca de complementos de renda que causam "cansaço exacerbado capaz de
prejudicar os reflexos e raciocínio". No documento, os delegados afirmam
ainda que fazem "coro com as manifestações" dos agentes e dizem que a
causa salariam dos policiais deve ser prioritária na instituição.
Fonte: VEJA
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