Na próxima sexta, 21 de fevereiro, pouco mais de dois anos após o movimento grevista que
chamou a atenção do país, chega o momento do Governador Jaques Wagner
(PT-BA) se manifestar a respeito das propostas remetidas a sua equipe
pela comissão de modernização da Polícia Militar da Bahia, composta por associações, lideranças políticas e pelo Comando da PMBA.
Momento
histórico, pois nunca a Polícia Militar da Bahia teve a oportunidade de
se debruçar tecnicamente sobre sua estrutura tendo como protagonistas
aqueles que mais podem ser considerados representantes da tropa.
Finalmente o Governo Wagner inicia a realizar aquilo que a massa de seus
eleitores policiais em 2006 esperava: uma postura democrática e
assertiva com os trabalhadores da segurança pública baiana. A
expectativa sobre seus posicionamentos agora é grande!
Não há dúvida: o
resultado desse processo será um grande passo para os desdobramentos do
quadro político de 2014, que no âmbito do Partido dos Trabalhadores têm
o atual Secretário da Casa Civil, Rui Costa, como nome escolhido para a
disputa do Governo do Estado. Pela importância desse momento, o
Abordagem Policial entrevistou com exclusividade o presidente da
Associação dos Oficiais da Polícia Militar da Bahia, o Tenente-coronel
PM Edmilson Tavares, que presidirá uma reunião na próxima terça, no Clube dos Oficiais da PMBA, com a presença dos oficiais da corporação. Confiram:
Abordagem: Na
condição de Presidente da Associação dos Oficiais da Polícia Militar da
Bahia, em resumo, até agora, como o senhor pode descrever o processo de
discussão da reformulação estrutural da PMBA?
TC Edmilson: Este
processo foi altamente positivo na medida em que, num momento histórico
para a PMBA, representantes do Governo do Estado e do Comando da
Corporação sentaram-se à mesa, sob a coordenação do Secretário de
Segurança Pública, com os representantes de seis associações, envolvendo
Oficiais e Praças, policiais e bombeiros, para discutir propostas
visando modernizar e reestruturar a nossa quase bicentenária milícia de
bravos. Foi um momento ímpar onde os nossos sentimentos, as nossas
aspirações, a nossa visão sobre o que representa ser policial militar,
puderam ser explicitadas e compartilhadas com todos. Todos os segmentos
foram ouvidos. Foram apresentadas propostas inovadoras, audaciosas e
relevantes para que a nossa Corporação possa, igualmente a outras
Corporações do nosso país, dar um salto qualitativo na melhoria dos
serviços prestados à comunidade baiana.
Abordagem: As associações e representações conseguiram chegar a um consenso mínimo nesse processo?
TC Edmilson: Com
certeza. Após meses de trabalho com bastante discussão e, sobretudo,
compromisso com a nossa Instituição, apresentamos várias propostas
consensuais. Fizemos várias pesquisas nos estatutos de outras co-irmãs
e, dentro do princípio da razoabilidade, estamos sugerindo a sua
aplicação na nossa Corporação. Iniciamos os trabalhos com muitos pontos
de vistas divergentes, entretanto chegamos ao final com uma proposta
única representando os anseios das associações participantes. Agora, o
governo está analisando todas as propostas, inclusive avaliando o seu
impacto financeiro, para no prazo estabelecido pelo próprio governador,
que foi de 45 dias e se encerra no próximo dia 21, apresentar às
associações o que poderá ser implementado. Nós queremos ajudar o Estado a
vencer os desafios de reduzir significativamente os índices criminais
do nosso estado.
“Os Oficiais e Praças estão atentos e aguardando este momento. São longos anos de espera”
Abordagem: Quais são as expectativas da Força Invicta em relação ao posicionamento do Governo?
TC Edmilson: Desde
que ingressamos na Corporação, há mais de 30(trinta) anos vivemos
reclamando das normas que nos regem. O que fizemos agora foi propor
mudanças que pretendem alavancar um modelo já ultrapassado e que vige
desde o regime militar. Temos uma Constituição de 1988 que revolucionou
no nosso país, mas que, infelizmente, não trouxe essa evolução para a
nossa PM. Apesar os avanços, a nossa essência ainda permanece a mesma.
Talvez este seja o momento de encontrarmos o caminho, a direção para
termos uma PM moderna, cidadã e que atenda aos reclames da nossa
sociedade.
Neste diapasão,
acreditamos que o Governador percebeu que a nossa Corporação precisa de
mudanças estruturais para produzir resultados mais positivos para a
nossa sociedade. A partir do momento em que o governador criou este
Grupo de Trabalho ele alimentou as nossas expectativas e,
particularmente, acreditamos que estas transformações devem acontecer
para o bem da nossa Instituição e, sobretudo, do povo desta terra.
Abordagem: E a tropa, no geral – praças e oficiais? O senhor sente que está atenta ao posicionamento que será adotado pelo Governo?
TC Edmilson: Sim;
apesar do término dos trabalhos no mês de dezembro próximo passado, as
Associações continuam se reunindo e mobilizadas aguardando o anúncio do
governador. Os Oficiais e Praças estão atentos e aguardando este
momento. Como já dissemos anteriormente, são longos anos de espera. São
vários anos de expectativa e o governador Jaques Wagner, com seu gesto
corajoso, proporcionou que um sonho (que já estava adormecido desde a
sua eleição em 2006) voltasse com toda intensidade. A Corporação está
unida em prol destas mudanças que modernizarão a Polícia Militar da
Bahia e trarão resultados significativos para a sociedade do nosso
estado.
Abordagem: Qual o foco dareunião que ocorrerá na próxima terça, no Clube dos Oficiais da PMBA?
TC Edmilson: Desde
que se encerraram as atividades do Grupo de Trabalho, os Oficiais e
Praças têm cobrado das suas entidades representativas quais as propostas
que foram finalmente apresentadas ao Governo do Estado, até porque
houve também um realinhamento das propostas das Associações com a da PM.
Então, decidimos dar maior transparência destas propostas, evitando
especulações, especialmente a referente à política salarial da
categoria, das reviravoltas que estão acontecendo nos bastidores deste
processo de negociação e definição das ações e articulações a serem
adotadas pela Oficialidade da PMBA, após o pronunciamento do governador,
na defesa dos seus interesses.
Abordagem: Que mensagem o senhor teria a passar para a tropa neste momento? E para o Governo?
TC Edmilson: Pedimos
à tropa, Oficiais e Praças, que deem mais um voto de confiança ao nosso
governador. A partir do momento em que ele criou este Grupo de Trabalho
com a missão de apresentar propostas de modernização e reestruturação
da nossa Corporação, dando voz a várias associações representativas da
categoria, foi dada uma demonstração inequívoca de sua percepção aos
diversos avisos de que estávamos insatisfeitos com o modelo de gestão
vigente da nossa Corporação e a sua real vontade de implementar as
mudanças necessárias no sentido de termos uma Instituição mais
valorizada, estimulada e comprometida com a segurança pública do nosso
estado.
Fonte: Abordagem Policial
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