A Secretaria de Defesa Social de Pernambuco confirmou que um policial militar que atuou na contenção do protesto do último sábado, 7 de setembro, está afastado do serviço operacional, enquanto a Corregedoria investiga a atuação dele. A Secretaria não detalhou a identificação do PM ou o que motivou seu afastamento. O governador de Pernambuco, Eduardo Campos, afirmou que já estão sendo apurados os possíveis abusos policiais durante a manifestação, que aconteceu nas proximidades da Praça do Derby, no Recife. “Nós não toleramos violência, nem daqueles que às vezes querem se expressar com violência e não devem fazê-lo, nem de qualquer ente público, seja ele da Polícia Militar, seja ele da Polícia Civil”, afirmou o governador, em conversa com a imprensa durante a abertura de um fórum do setor sucro-alcoleiro, nesta segunda-feira (09).
Segundo Eduardo Campos, a conduta de outros policiais durante o protesto também está sendo analisada. “Temos uma Corregedoria que funciona com profissionais de polícia de ilibada reputação, que têm tido uma atuação muito dura. Os filmes sobre tudo aquilo estão sendo vistos já hoje [segunda]. Já foram afastados do serviço de rua os policiais que estavam e que já tem filmes que identificam que usaram comportamento inadequados, como uso de palavrão em ação policial”, aponta.
Sobre a denúncia de que dois homens teriam sido detidos durante o protesto do sábado mesmo estando sem máscara e sem estar praticando ato ilícito, o governador afirmou desconhecer. A advogada Noélia Brito, que defende os dois, mostrou uma imagem que afirma ser o boletim de ocorrência do caso, no qual um PM diz ter sido orientado a deter os dois manifestantes mesmo após avisar aos superiores de que eles não estavam mascarados nem praticando "qualquer ato ilícito”.
“Eu preciso ver a ocorrência. Não chegou a nós por nenhuma entidade qualquer registro disso. Não há nenhuma recomendação para se agir fora de qualquer comportamento estritamente legal. É preciso que haja equilíbrio e equilíbrio é respeitar a lei. Policial tem que ir para a rua garantir a segurança dos que se manifestam e daqueles que não se manifestam e querem trabalhar, e com nenhum tipo de violência”, afirma Campos.
O governador defendeu ainda a questão de equilíbrio durante os protestos. “Quer se manifestar, se manifesta, agora não pode se manifestar travando a cidade a qualquer hora do dia ou da noite. Não vamos permitir que grupos mascarados possam afrontar a cidadania. Porque a regra democrática não permite que ninguém saia de casa com máscara, coquetel molotv, para atirar sobre ônibus ou para travar cidade em uma via que tem cinco hospitais, que muitas vezes tem que trafegar carro levando sangue para gente que está em uma mesa de cirurgia em um desses hospitais. Esse é um outro lado da moeda que também reclama a sociedade ao governo”, pontua.
OAB acompanha casos de violência 
O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil em Pernambuco, Pedro Henrique Reynaldo Alves, afirma que a entidade está acompanhando de perto a questão dos protestos, em especial o dos advogados que defendem manifestantes em casos de excessos por parte das forças policiais. "A OAB está do lado desses advogados, se eles virem obstáculos no exercício da profissão deles. O que a gente orienta é que cada pessoa que se sentiu vítima de abuso de autoridade procure seu advogado e ele vai cobrar da Corregedoria ou mesmo entrar em juízo em favor de seus clientes. Esses advogados, encontrando inércia por parte da Corregedoria ou do aparelho policial, terá na OAB seu escudo protetor para cobrar essa ação", garante Alves.
Uma comissão da entidade está acompanhando cada caso de violência e também participando da discussão para a construção do protocolo para manifestações públicas, que está sendo elaborado pela Secretaria de Defesa Social.