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segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Militares traçam estratégias para eleger deputados estaduais e federais

PMs e ex-companheiros de quartel com mandato no Legislativo montam estratégia para ampliar presença da categoria na política mineira
 (Arte/EM)
Publicação: 26/08/2013 00:12 Atualização: 26/08/2013 07:24


De olho em mais representatividade política, militares que são possíveis candidatos nas eleições de 2014 já começaram a traçar estratégias para tentar eleger dois deputados federais e quatro estaduais. Dois encontros foram realizados recentemente para avaliar o desempenho dos policiais nas últimas eleições: dos 351 policiais e bombeiros que se candidataram em todo o estado no ano passado, 32 conseguiram votos para ocupar cadeiras no Legislativo, sendo dois deles em Belo Horizonte – o coronel Piccinini (PSB) e Vilmo Gomes (PTdoB). Atualmente há ainda dois representantes da Polícia Militar na Assembleia Legislativa: Sargento Rodrigues (PDT) e Cabo Júlio (PMDB) – esse último era suplente, mas assumiu a cadeira com a renúncia do deputado Antônio Júlio (PMDB), eleito prefeito de Pará de Minas em outubro de 2012. Para o presidente da Associação Central Única dos Militares Estaduais (Cume), sargento Walter Carvalho de Souza Fagundes, o número poderia ser maior se houvesse mais organização e maturidade por parte dos candidatos e das entidades representativas da PM.

“Temos que fazer nomes que tenham condições de se candidatar e ganhar. E trabalhar uma conscientização política. Estamos em um processo de amadurecimento político e a visão futurista é fazer uma bancada da segurança pública”, aposta o sargento Walter. Em encontro realizado no dia 2, na Câmara Municipal de Belo Horizonte, um dos pontos discutidos foi a recomendação para que aqueles que encontram dificuldades em se candidatar apoiem outros colegas. Outro alerta é que não dá para os candidatos contarem apenas com o voto dos militares.

Foi o que fez o vereador Vilmo, depois de perder duas eleições consecutivas para a Câmara de Belo Horizonte. “O que precisa é que o candidato participe mais dos problemas da sociedade. Para ser eleito, precisa do voto de toda a sociedade”, ensina. Uma boa bandeira é o aumento da criminalidade, que segundo a categoria é resultado da falta de investimentos específicos e da legislação em vigor. “Tal situação não é consequência da atuação das polícias Militar e Civil ou do Poder Judiciário”, discursou Vilmo, no encontro do início deste mês.

Por enquanto não há qualquer orientação partidária, até porque os militares não precisam de pressa: eles podem se filiar a um partido político até três meses antes do início da campanha eleitoral, ou seja, até abril. A princípio cada candidato poderá escolher a qual legenda se filiar, mas a ideia é que optem por partidos em que seja possível a eleição com menos votos. Para ter uma ideia, os quatro parlamentares militares de Minas Gerais pertencem, cada um, a uma legenda diferente.

Como servidores públicos, os policiais militares ainda têm direito a licença remunerada para fazer campanha. Se eleitos, vão para a reserva e recebem uma aposentadoria proporcional ao tempo de serviço: cada ano equivale a um dia de salário.

QUARTEL
 Além da pouca experiência política e da falta de recursos para fazer campanha, o presidente do Cume lembra que uma grande dificuldade encontrada pelos candidatos que são policiais militares é a falta de apoio do comando da corporação e de várias entidades da categoria. “Nem a abertura nos quartéis para a divulgação das candidaturas temos”, lamenta o sargento Walter.

Sem dinheiro, os candidatos acabam contando apenas com a divulgação nos programas gratuitos de rádio e televisão. Recentemente representantes de entidades dos militares tiveram um encontro com o comandante da PM, coronel Márcio Martins Sant’Ana, para tratar das eleições do ano que vem. A assessoria de imprensa da Polícia Militar foi procurada pela reportagem, mas não retornou o pedido de entrevista com o comandante.

Movimento grevista


MEMÓRIA


A participação de militares na política teve como marco as eleições de 1998 – a primeira depois do movimento grevista do ano anterior, que resultou na morte do cabo Valério dos Santos Oliveira, de 36 anos, com um tiro na cabeça. No ano seguinte, três dos líderes da greve foram eleitos: Cabo Júlio (Câmara dos Deputados) e Sargento Rodrigues e Cabo Morais paraaAssembleia Legislativa. O primeiro foi eleito o deputado federal mais votado nas eleições de 1998, cargo para o qual se reelegeu em 2002. Sargento Rodrigues está naAssembleia há quatro mandatos. Cabo Morais cumpriu dois mandatos de deputado estadual.

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