Uma das principais obras do PAC no Nordeste, a duplicação da rodovia BR-101 virou foco de irregularidades e desvios de verba, apontam investigações da PF (Polícia Federal) e do TCU (Tribunal de Contas da União). Dos cinco trechos entregues pelo governo federal a empreiteiras, três apresentam indícios de fraude, pagamento de propina e má execução de serviços que podem comprometer a durabilidade e a segurança da rodovia. A obra se arrasta desde 2005 e deve custar R$ 2,5 bilhões aos cofres públicos. O trajeto tem 398 km e corta três Estados: RN, PB e PE. Abaixo algumas das irregularidades encontradas e citadas na reportagem da Folha de S.Paulo só nos dois trechos localizados no Estado de Pernambuco.
EM PERNAMBUCO
Em Pernambuco, a Polícia Federal descobriu que o consórcio que venceu o trecho 7 (Queiroz Galvão, Andrade Gutierrez, Odebrecht e Barbosa Mello) deixou de instalar barras de aço subterrâneas necessária para dar estabilidade à pista. A Folha percorreu o trecho na quinta-feira e encontrou rachaduras em placas de concreto recém-concluídas. No lote 8, também em PE, laudo da Operação Castelo de Areia aponta sobrepreço de R$ 45 milhões. O trecho é tocado por OAS, Camargo Corrêa e Mendes Junior. O relatório final da PF também cita indícios de pagamento de R$ 560 mil em propina a dirigentes do Dnit. A investigação está parada há 14 meses por decisão do ministro Cesar Asfor Rocha, do Superior Tribunal de Justiça. Dos oito trechos em que a rodovia foi dividida, três foram construídos pelo setor de engenharia do Exército.
As irregularidades no lote 7 das obras da BR-101 Nordeste foram descobertas por profissionais especializados e equipamentos de alta tecnologia que 'enxergaram' problemas debaixo da terra. A perícia foi conduzida pelo setor de geofísica da Polícia Federal, criado há pouco mais de três anos e chefiado pelo perito Marcelo Blum. Os policiais usaram o aparelho Ground Penetrating Radar (radar de penetração no solo, em português), que permitiu constatar a falta de cerca de 50 mil barras de aço fundamentais na estrutura do pavimento. A Folhapercorreu o trecho na quinta-feira e encontrou placas de concreto rachadas e trabalhadores fazendo reparos na pista. Funcionários disseram que cerca de 80 placas ainda seriam trocadas.
Lula festejou
O trecho foi visitado com festa pelo então presidente Lula no ano passado. O Dnit optou por um tipo de pavimento pouco usado no país, por seu alto custo, mas que tem vida útil de até 50 anos. Segundo a PF, a ausência ou pouca quantidade das barras de aço reduz a sobrevida da pista para 13 anos. Relatório da CGU sobre o lote 7 afirma que 'foi verificada ora a inexistência, ora o posicionamento inadequado e ora o espaçamento entre barras superior ao estabelecido de projeto'. Os peritos também encontraram desníveis na superfície das pistas que aumentam os impactos dos carros no pavimento, o que também contribui para reduzir a durabilidade das vias. Procuradas, as construtoras negaram irregularidades ou não quiseram se pronunciar. A direção do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) disse colaborar com as apurações. (Informações da Folha de S.Paulo - Flávio Ferreira e Bernardo de Mello Franco)
FONTE: MAGNO MARTINS/http://sargentoricardo.blogspot.com/
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