Dois dos jornais mais importantes dos Estados Unidos criticaram a visita do presidente Barack Obama ao Brasil e a outros países latino-americanos.
Tanto o “New York Times” como o “Wall Street Journal” acharam estranho ver Obama brincando com crianças no mesmo dia em que os EUA, junto com Reino Unido e França, lançaram uma ofensiva militar na Líbia.
“O presidente Obama tomou o mais significativo ato de um comandante-chefe: enviar forças norte-americanas a um conflito. No entanto, ele manteve o cronograma da sua primeira visita à América do Sul”, afirmou o “Times”.
O “Journal” foi mais incisivo: “Foi uma situação surreal. Enquanto os EUA iniciavam uma campanha militar mundo afora, o presidente iniciou uma visita de cinco dias à América Latina que tinha pouco a ver com o assunto”.
O diário de Wall Street nota que, diante dessa situação, Obama ora falava sobre economia – políticas comerciais e de biocombustíveis – ora abordava o problema na Líbia, sem citar o fato de o Brasil ter se abstido de apoiar a ofensiva militar no Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas).
No Brasil, a consultoria Rosenberg & Associados resumiu a viagem do presidente dos EUA da seguinte forma: “Visita de Obama consagra importância brasileira, mas deixa de lado questões concretas”.
Colunista defende visita
Mary Anastasia O’ Grady, uma polêmica comentarista do “Wall Street Journal”, mais uma vez foi de encontro ao que a imprensa norte-americana (e o próprio jornal onde ela escreve) dizia. “A viagem do presidente Obama ao Brasil [...] enquanto a guerra aumenta na Líbia foi duramente criticada. [...] Por outro lado, ir a Brasília [...] foi importante”, afirmou a colunista.
Para O’ Grady, a aproximação entre EUA e Brasil ajuda a “construir uma nova aliança na política internacional desdenhando ditadores [ela usou este termo] como Hugo Chávez”.
Obama ignora raça, diz jornal
Em uma análise, o “New York Times” notou que Obama evitou falar sobre o fato de ser negro, enquanto a presidente brasileira, Dilma Rousseff, fez várias menções a esse tema, bem como ao de que ela é a primeira mulher a presidir o País.
Em texto intitulado “Presidente sublinha similaridades com brasileiros, mas ignora uma”, o “Times” conversou com pessoas que foram ver Obama e notou que, para várias delas, o que chamava atenção no atual presidente dos EUA era o fato de ser negro.
Segundo o jornal, assessores de Obama recomendam que ele se mostre sempre como presidente de todos os norte-americanos, evitando mencionar o que isso significa especificamente para os negros. Apenas em casos pontuais ele toca no assunto. E o texto deixa implícito que, no Brasil, havia motivos para quebrar esse protocolo. O Brasil e os EUA têm as maiores comunidades de afro-descendentes nas Américas.
Agencia Estado/Blog do Sargento Ricardo
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