Crônica de uma queda anunciada de secretário do governo Eduardo CamposEm três anos à frente da Secretaria de Defesa Social, Damázio colecionou polêmicas e desafetos
Em três anos à frente da Secretaria de Defesa Social, Damázio colecionou polêmicas e desafetos
Cláudia Eloi - Diario de Pernambuco
Publicação: 20/12/2013 07:02 Atualização: 20/12/2013 10:32
Foto: Roberto Ramos/DP/D.A Press/Arquivo |
A
polêmica entrevista do secretário de Defesa Social, Wilson Damázio,
sobre o abuso sexual cometido por policiais militares, acompanhada das
declarações de que homossexualidade seria um “desvio” de conduta, de que
o policial exerce um fascínio sexual entre as mulheres e todo “PM
antigo” tem amante foi o estopim para sua saída do governo Eduardo
Campos (PSB). Após a repercussão negativa do caso e da ampla divulgação
nas redes sociais, Damázio colocou o cargo à disposição. O pedido foi
prontamente aceito pelo governador Eduardo Campos (PSB).
Damázio
estava no cargo desde abril de 2010. Sua saída acabou precipitando a
reforma do secretariado, programada para o próximo mês. Para seu lugar
foi escolhido o delegado federal Alessandro Carvalho, que é secretário
executivo da SDS e assumirá a pasta interinamente. Entre seus
subalternos, Damázio era visto como uma pessoa autoritária e
intempestiva. “Ele morreu pela boca feito peixe”, afirmou um integrante
da cúpula do governo.
No
pedido de exoneração entregue ao governador, ontem, o ex-secretário
pede desculpas e avisa que suas declarações não representam seu
pensamento. “Dirigi-me à sociedade pernambucana para declarar que as
mesmas (declarações) não constituem meu pensamento nem minha visão de
mundo, razão pela qual repilo os termos e peço desculpas a todos aqueles
que por ventura tenham se sentido ofendidos”, disse Damázio, em um
trecho na nota.
Saiba mais...
Novo secretário tem a missão de manter as conquistas da pasta Eduardo Campos aceita o pedido de demissão de Wilson Damázio Damázio coloca cargo à disposição após repercussão negativa de entrevista
Já
fora do cargo, o ex-secretário afirmou ao Diario, por telefone, que
daqui para a frente só falaria de futebol. Aposentado da Polícia
Federal, ele não informou sobre seu futuro profissional. “Segurança não é
mais comigo, não. Agora o momento é de despedida. A gente está se
despendindo. Tudo tem começo meio e fim”, destacou.
Ciente
de que a entrevista que culminou com sua saída do cargo, publicada no
Jornal do Commercio, poderia respingar no projeto presidencial do
governador e também numa das maiores vitrines do socialista, o programa
Pacto Pela Vida, Damázio enfatizou que as declarações não poderiam ser
confundidas com as políticas desenvolvidas pelo governo do estado, que,
segundo ele, “vem revolucionando a segurança pública no Brasil com
transparências, práticas cidadãs e absoluta intolerância com qualquer
conduta contrária aos direitos humanos, à liberdade de expressão”.
“Para
proteger o governo e seu legado, informo que já coloquei o cargo à
disposição do governador Eduardo Campos”, disse Damázio. O governador,
após receber o secretário, disse entender os motivos alegados pelo
ex-auxiliar e agradeceu o trabalho realizado por Damázio ao longo dos
últimos três anos.
Saiba mais
Salários dos PMs
Menos
de 24 horas após assumir a Secretaria de Defesa Social, Wilson Damázio
concedeu a primeira entrevista afirmando que os policiais civis deveriam
ganhar mais que os militares. A declaração causou mal-estar na Polícia
Militar e indignação na corporação
Morte do coronel Marinaldo
O
suicídio do coronel Marinaldo, em maio de 2012, também causou desgaste
para Damázio. No mesmo dia da morte do militar e antes mesmo que o
inquérito fosse concluído, o então secretário da SDS declarou que
Marinaldo havia se matado por causa de dívida. A declaração descontentou
os militares por causa do juízo de valor
Queixas durante o Carnaval
Desde
o Carnaval, havia a especulação de que Damázio perderia o cargo logo
após os festejos de Momo em função da difícil convivência com os
servidores na Secretaria de Defesa Social, por tratar mal as pessoas e
não atender bem os prefeitos nem os parlamentares. O governador Eduardo
Campos, no entanto, o manteve no cargo
Demissão de comandante
A
entrega do cargo do comandante geral da PM Luis Auréliano, em maio
deste ano, também causou estremecimento na relação da corporação com
Damázio. Querido entre os militares, o ex-comandante vinha se queixando
ao secretário de uma suposta conduta autoritária do secretário executivo
da Secretaria de Planejamento, Bernardo de D’Almeida. Damázio apenas
ouvia as queixas, mas não se posicionava para não contrariar Bernardo
Proibição de máscaras nos protestos
As
manifestações de ruas e a proibição por parte de Damázio de que os
manifestantes cobrissem o rosto com máscaras sob o argumento de que
seria crime. O secretário entrou em rota de colisão com o Ministério
Público, que se posicionou favorável aos manifestantes. Um vídeo do
Diario, mostrando que policiais estavam armando flagrantes contra os
manifestantes, também desgastou o secretário
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