Militarismo sei não viu! As pessoas não podem nem lutar por melhores salários e melhores condições de vida, agora só com a Justiça. Presidente da Associação dos Cabos e Soldados é excluído da PM.
Presidente da Associação dos Cabos e Soldados do Estado do Tocantins é excluído da PM
(PALMAS-TO) -
O Conselho de Disciplina e o Chefe do Estado Maior, coronel Gilberto
Nogueira, decidiram, nessa terça-feira, 8, excluir o presidente da
Associação dos Cabos e Soldados do Estado (ACS-TO), cabo Geovane Alves,
do serviço da Corporação Militar. Há oito meses, Geone foi um dos
protagonistas do protesto em favor do estatuto dos policiais militares.
Em Carta Aberta, divulgada na manhã desta quarta-feira, 9, ele comunicou
a decisão.
Geovane contou
que recebeu a notificação do Conselho na tarde dessa terça: “Foi uma
punição grave demais para quem só estava lutando por seus direitos”,
afirmou.
No dia 17 de
abril do ano passado, Geovane, o presidente da Associação dos Policias e
Bombeiros Militares do Estado (ASPBMETO), Luís Chaves do Vale, e o
assessor jurídico das associações Jan Charles N. de Souza, encaminharam,
à Assembleia Legislativa (AL), uma carta de protesto ao Projeto de Lei
que altera a estrutura da PM.
O documento, à
época lido pelo deputado estadual Stalin Bucar (PR), direcionado aos
deputados, afirmava “não se responsabilizar” pela segurança dos
parlamentares, que votassem a favor do Projeto de Lei que altera a
estrutura da PM, nos quartéis, considerando-os persona non grata nos
quartéis.
À época,
Geovane, Chaves e Jan chegaram a ser presos, mas conseguiram habeas
corpus: “Só o fato de termos sido presos, foi uma grande injustiça”,
lembrou Geovane.
Na carta, ele
disse ter certeza de que o governador Siqueira Campos (PSDB) e o
secretário de Relações Institucionais, Eduardo Siqueira Campos (PSDB),
“desconhecem a decisão extremada”: “O governador [Siqueira Campos]
possui uma história de luta pelos seus ideais, sem medir esforços para
suas conquistas”.
Confira a íntegra da carta divulgada pelo Cabo Geovane Alves
“Na tarde de
ontem fui surpreendentemente notificado que o Conselho de Disciplina e o
chefe do Estado Maior decidiram pela minha exclusão do serviço da
Corporação Militar, a qual integro há 12 anos, após concurso de provas e
títulos, consciente de que sempre me dediquei a honrar o trabalho em
prol da sociedade tocantinense.
A decisão é para
mim demasiadamente dolorosa, pois sou apenas um simples Cabo, pai de
família, e muitas pessoas dependem do meu salário para ao meu lado
sobreviverem.
Jamais imaginei
que ao me tornar Presidente de uma Associação de classe, - a dos Cabos e
Soldados -e me empenhar na buscar por melhorias profissionais para o
associado pudesse receber como pena a minha demissão, além de uma prisão
injusta em que permaneci por 22 (vinte e dois) dias.
Os motivos que
justificaram a decisão cingem-se àquela data em que ao lado do Major
Chaves fui até a Assembleia Legislativa e protocolizei documento
pugnando por uma alteração do Estatuto Militar que não trouxesse
prejuízos à carreira de todos os nossos colegas. O ato foi de boa-fé...
Uma tentativa desesperada de fazer com que os dignos Parlamentares do
nosso Estado ouvissem nossas reivindicações.
Foi uma
tentativa também de evitar qualquer movimento paradista, ao qual sempre
me posicionei contrário, e jamais me filiaria, embora ouvisse vozes que
silenciosamente não desconsideravam tal proibido caminho.
No decorrer da
instrução do processo, todos os Deputados ouvidos declararam que não se
sentiram ameaçados com o manifesto e compreendiam a função de Presidente
de classe. Jornalistas no mesmo sentido se posicionaram.
Todavia, o
Conselho e o Sr chefe do Estado Maior decidiram pela máxima penalidade,
considerando que meus atos foram ofensivos à ética da Polícia Militar.
Tenho certeza
absoluta que o comandante geral, coronel Luiz Cláudio Gonçalves Benício,
homem valoroso que sabe reconhecer o trabalho da tropa e buscar o
equilíbrio do Estado Democrático de Direito, pautando-se na
proporcionalidade de suas decisões, não apontaria a trilha mais dolorosa
para este subordinado.
Tenho certeza
também que o senador Eduardo Siqueira Campos e o Excelentíssimo senhor
governador do Estado, José Wilson Siqueira Campos, desconhecem a decisão
extremada, pois o Governador possui uma história de luta pelos seus
ideais, sem medir esforços para suas conquistas, o que resultou na
salvação do norte Goiano quando ele conseguiu, na Constituinte, a
criação do Tocantins.
Nunca teria a
pretensão ousada de ser como o governador, mas posso dizer que o exemplo
dele demonstra que não é em vão a luta de um homem que apenas buscava
melhorar a carreira dos Militares deste Estado, trabalhadores que
discretamente fazem a Segurança Pública do Estado, que sofrem dia a dia
com o risco de vida peculiar às suas funções, deixando suas esposas,
seus filhos e suas casas sem saberem a plenitude do retorno, porém
pensando no bem maior que é a comunidade pela qual devem zelar.
Sigo o meu
destino... Confio em DEUS, no governador, Chefe Máximo da Polícia
Militar, no Comandante Geral e na Justiça, a fim de que meus recursos
sejam apreciados de forma objetiva e que, caso entendam que uma pena
deva ser a mim imposta, que não seja o afastamento definitivo do serviço
público, pois este é o meu pão de cada dia.
Palmas, 9 de janeiro de 2012.
Geovane Alves dos Santos.”
Fonte: o progresso
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