Coluna Três por Quatro
PT e PSB acendem o fogaréu
Por Terezinha Nunes
Acossado pelas cobranças que transformaram sua semana em um verdadeiro inferno, o ministro Fernando Bezerra Coelho começou seu depoimento no Congresso esta quinta-feira com um desabafo. Disse que tudo que aconteceu de denuncias a respeito de sua postura no Ministério da Integração teve origem em uma orquestração para tentar desgastar o seu partido, o PSB.
Nada melhor para quem se sente sob fogo cruzado do que transferir a culpa para os outros. Mas o ministro não inventou esta desculpa. Em meio às críticas de norte a sul sobre a decisão de Bezerra de transferir para Pernambuco 80% das verbas de sua pasta, blogs e colunas de jornais do sudeste deixaram escapar, durante a semana, que grande parte do que vazou sobre a postura do Ministério fora produto do “fogo amigo” destinado a atingir Bezerra e, por tabela, o governador Eduardo Campos.
Que fogo amigo seria esse capaz de dominar o noticiário de todo o país por mais de dez dias? Os próprios jornais levantaram duas suspeitas. Uma sobre o PMDB que estaria preocupado com a possibilidade de o PSB tentar ocupar a vaga de vice na campanha da reeleição da presidente Dilma. A outra sobre o PT, incomodado com o prestígio do governador que se coloca como opção na próxima campanha presidencial, ao mesmo tempo em que acalenta um vôo solo, compondo uma dobradinha com o PSD e o PSDB.
Se a fogueira, porém, veio de lá, o governador cuidou de soltar também sua fagulhas do lado de cá. Desde o primeiro momento transferiu a culpa para a presidente Dilma, dizendo , sem meias palavras,que ela autorizara a transferência dos recursos. Depois o próprio Palácio das Princesas jogou nas redes sociais o discurso que a presidente fez no município de Cupira durante ato em que anunciou a construção das barragens com os mesmos recursos liberados por Fernando.
Para um bom entendedor meia palavra basta. O PSB devolveu ao PT, na mesma moeda, o petardo atirado em sua direção. jogando a própria presidente no fogareiro.
O que dirá Dilma de tudo isso depois que as águas baixarem? É difícil saber mas, por aqui ,os petistas que dependem mais do governador e do que da presidente já colocam suas devidas barbas de molho.
Enredados em uma briga sem fim em torno da Prefeitura do Recife e com receio dos petardos do governador, o deputado federal João Paulo e o senador Humberto Costa cuidaram de se entender em poucos minutos de conversa no início da semana, quando se encontravam estremecidos há pelo menos três anos.
Embora não se possa acreditar nas promessas de amor eterno entre os dois a verdade é que o PT parece que, finalmente, começa a entrar na linha antes que Eduardo tome uma providência e deixe o partido, com Humberto e João Paulo juntos, a ver navios.
Na verdade, ninguém acredita que nesta conversa dos dois líderes petistas 2014 não tenha sido tratado. Afinal, Humberto, que já andou se queixando do governador em reunião em Fortaleza, não acredita na possibilidade de o PSB o apoiar para governador e João Paulo se encontra em situação ainda pior. Foi praticamente defenestrado da equipe de Eduardo depois que se desentendeu com o então secretário da casa civil, Ricardo Leitão.
Os dois parecem ter se convencido de que, sem a Prefeitura do Recife, não há salvação e parecem dispostos a sacrificar a Geny da vez: o prefeito João da Costa. Só resta saber se combinaram com os russos.
CURTAS
Amadorismo
Ao deixar o entusiasmo juvenil subir-lhe à cabeça, o pré candidato do PSB a prefeito de Moreno, Adilson Gomes Filho, sepultou a possibilidade agregar uma forte aliança em torno do seu nome quando jogou petardos esta semana no atual prefeito, Edvar Bernardo (PMDB) e no ex Vavá Rufino (PSDB). A afoiteza uniu contra ele as duas mais fortes correntes políticas do município e vai ser difícil o governador Eduardo Campos, se desejar, desatar esse nó.
No tacho
Pré candidato a prefeito de Petrolina, pelo PT, o deputado estadual Odacy Amorim não deve ter gostado nada da crise envolvendo o ministro Fernando Bezerra Coelho. Não que morra de amores por Fernando, do qual já foi pupilo mas de quem guarda mágoas, mas porque, no meio das reportagens desta semana, acabou tendo sua primeira administração na Prefeitura acusada de irregularidades semelhantes às que teriam sido cometidas por FBC quando também foi prefeito.
Notícias ruins
Violência crescendo, rebelião na Funase citada nacionalmente como “tragédia” e, ainda por cima, as denuncias contra Fernando Bezerra Coelho. Esses três fatos divulgados em uma única semana demonstram que o ano de 2012 pode não vir a ser tão bom para o governador Eduardo Campos como foi 2011 por ele citado como o melhor do seu governo. E não são apenas as flores do recesso, como citava Thales Ramalho, mas o desgaste natural de quem exerce um segundo mandato. Os problemas podem estar apenas começando.
Postado por Jamildo Melo / http://sargentoricardo.blogspot.com
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