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terça-feira, 13 de setembro de 2011

lástima


Fotos: Clemilson Campos/JC Imagem

Por Daniel Guedes

ARAÇOIABA - A falta que fazem os R$ 7 milhões que podem ter sido desviados pela Prefeitura de Araçoiaba é visível. Numa rápida caminhada pela cidade localizada a 38 quilômetros do Recife, já é possível observar miséria, desemprego, esgoto a céu aberto, lixo espalhado e ruas sem asfalto. Mas o que se vê ao entrar em escolas e principalmente no Hospital Municipal de Araçoiaba é ainda mais deprimente. O Blog de Jamildo e o Jornal do Commercio estiveram na cidade da manhã desta terça-feira (13) e constataram o que está deixando de ser feito com o dinheiro que simplesmente sumiu dos cofres públicos.

Na Escola Municipal Amaro Soares, onde estudam 586 alunos do ensino fundamental ao 5º ano, a diretora Luciana de Santana Alves conta que precisou usar recursos de pequenos reparos para acabar a reforma de duas salas de aula. Isso porque a empresa responsável pela obra simplesmente abandonou o canteiro. Compramos duas mil telhas, tinta, ventiladores e pagamos pela parte elétrica e pelo reparo do piso", enumera serviços feitos com a verba do Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE). Ao cobrir um santo, descobriu outro. "Precisava equipar toda a cozinha, mas não consegui comprar armário, prateleiras e panelas novas", lamenta.
» VEJA A COBERTURA COMPLETA DOS DESMANDOS EM ARAÇOIABA

Dentre as irregularidades no município apontadas por Polícia Federal (PF), Ministério Público de Pernambuco (MPPE) e Controladoria-geral da União (CGU) está justamente o desvio de R$ 2,361 milhões de recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) e de outros R$ 1,3 milhão de recursos da educação.

Merenda também não é constante nas escolas municipais. A denúncia é feita pelos próprios alunos que, apesar da pouca idade, entendem perfeitamente o que está acontecendo na cidade e se amontoam sobre a imprensa para fazer reclamações. "É pia quebrada. Às vezes, para ir ao banheiro, preciso vir em casa", reclama Ruan, 13, aluno da 7ª série da Escola Municipal Senador Paulo Guerra. A CGU indica que a Prefeitura gastou R$ 71 mil com metais para banheiros. Nas unidades de ensino visitadas pela reportagem havia, no máximo, bacias sanitárias novas. Não encontramos nenhuma torneira, nem mesmo pia.



PLANTÃO DESUMANO - A denúncia de atendimento precário nas unidades de saúde municipais não precisa ser procurada em postos de saúde. No próprio Hospital Municipal de Araçoiaba a situação é, no mínimo, vexatória. O médico que estava no momento que chegamos se recusou a nos atender. Não abriu mão do horário de repouso. Justo. Afinal, dá plantão de 72 horas na unidade.

Lá só há mais um médico. O que atende aos sábados. Quintas, sextas e domingos são dias em que não há médico. Se isso já não bastasse, ainda há problemas estruturais. A sala de nebulização tem mofo nas paredes e o desfribrilador não funciona. Das três ambulâncias, apenas duas funcionam. "Mas não adianta nada porque só há um motorista", denuncia o vigilante do hospital. "Quando é uma emergência, precisamos chamar o Samu".


Na unidade, faltam medicamentos básicos. O remédio para controlar a pressão arterial não era suficiente para terminar o plantão. Antes do fim da manhã já faltavam medicamentos para nebulização, bicarbonato de sódio e sedativo.


Por mais absurdo que pareça, a Prefeitura está jogando remédio fora. No momento em que o Blog e o JC estavam no hospital, a ambulância que funcionava e tinha motorista chegou com quatro caixas que traziam, cada uma, 100 frascos de dipirona. O material seria incinerado pois venceu em agosto. O mesmo destino seria dado a 100 frascos de sulfametoxazol, utilizado para diarreia mas que, na cidade com menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da Região Metropolitana, seria jogado fora.

Postado por Daniel Guedes /

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