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quarta-feira, 31 de agosto de 2011


Um soldado da Polícia Militar de São Paulo é o mais novo candidato a santo do país. José Barbosa de Andrade tinha 33 anos quando, em 6 de janeiro de 1999, morreu afogado nas águas do Rio Tamanduateí para salvar uma moradora de rua embriagada, que havia caído. Há três meses, a PM começou a reunir documentos e testemunhos sobre a vida e morte de Barbosa, como era conhecido na corporação, para pedir a beatificação ao Vaticano. A postuladora da causa é a irmã Célia Cadorin, da Congregação das Irmãzinhas de Imaculada Conceição, responsável pelos processos de santificação de Madre Paulina e Frei Antonio de Sant?Ana Galvão.
Irmã Célia explica que, no caso de Barbosa, o fato de ele ter sido mártir, ou seja, ter sacrificado a sua vida para salvar a de outra pessoa, dispensa a comprovação de um milagre para o Vaticano decretar a beatificação. Segundo a religiosa, a identificação de um mártir tem como base ensinamento de Santo Agostinho. “O martírio se conhece pelo motivo praticado, como dar a vida pela fé ou por Jesus Cristo”, explica.
O padre e tenente-coronel Osvaldo Palopito, chefe da capelania da Polícia Militar, diz testemunhar casos de abnegação e renúncia envolvendo policiais militares, porém, afirma que o do soldado Barbosa se diferenciava. “Envolve fé e caridade fundamentadas no amor a Deus. A excepcionalidade do sacrifício está no fato de ele ter arriscado a vida consciente do risco que corria”, observa.
MAIS CEDO/ O coronel Luiz Eduardo Pesce de Arruda, da Escola Superior de Soldados da PM, responsável pelo levantamento da história de Barbosa, conta que o policial não sabia nadar. No dia que morreu, ele havia sido dispensado do trabalho mais cedo e estava a caminho da Coopmil (Cooperativa de Crédito da Polícia Militar) para solicitar um empréstimo. Como chovia, ele pegou carona com o colega Luiz Francisco de Macedo e quando passavam pela Avenida do Estado, próximo ao Mercado Municipal, viram uma aglomeração.
“Ao ouvir gritos de socorro, ele foi salvar a mendiga que se debatia na água suja e turbulenta do rio, expondo-se a um risco muito além do que se espera de um PM”, diz. “Um homem não se improvisa. Ele nasce pronto”, orgulha-se o oficial. Barbosa desceu pela borda, com uma corda fina amarrada à cintura. O volume de água estava sete vezes maior em razão das chuvas. Mesmo assim, ele conseguiu puxar a mulher, que foi retirada do rio pelo outro policial. “Durante o salvamento, a corda se rompeu e a correnteza o arrastou. O fiel da farda (cordão que prende a arma ao coldre) se enroscou no lixo e Barbosa afundou”, diz.
A moradora de rua, identificada como Salete Aparecida Rodrigues, que tinha 48 anos à época, entrou em depressão ao saber da morte do soldado. Ela tentou por duas vezes o suicídio, uma delas 11 meses depois, em novembro de 1999, no mesmo local. Até hoje não se tem mais notícias de Salete. Amigos de Barbosa, contudo, acreditam que ela continua vivendo nas ruas.
www.amigosdecaserna.com.br e istoé.com

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