Ministros petistas não resistem à transparência e à retidão exigidas pelo cargo
José Dirceu
José Dirceu era o sucessor dos sonhos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Assumiu a Casa Civil já no primeiro governo do petista. A meta era fortalecê-lo até as eleições de 2010. Os fatos, no entanto, falaram mais alto.
Em 2004 veio à tona o Caso Waldomiro Diniz. Homem de confiança de Dirceu, Waldomiro negociava com bicheiros o favorecimento em concorrências, em troca de propinas e contribuições para campanhas eleitorais. Dirceu resistiu ao bombardeio.
Em 2005, no entanto, estourou o maior escândalo da era Lula: o mensalão. Em troca de apoio político, o governo pagava, com dinheiro desviado de empresas estatais, uma mesada a deputados da base aliada. José Dirceu era nada menos que o chefe do esquema, de acordo com denúncia do Ministério Público Federal. Caiu em junho de 2005.
Antonio Palocci
Com a vitória de Dilma na disputa presidencial de 2010, Palocci foi nomeado ministro-chefe da Casa Civil. Ele próprio já havia sido demitido do ministério do PT, em 2006, quando comandava a Fazenda.
Palocci foi o beneficiário da violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa, que denunciou a existência das festas da república de Ribeirão em uma casa em Brasília, com lobistas. Palocci fazia parte do grupo.
Apesar das evidências, em 2009 o Supremo Tribunal Federal (STF) rejeitou a denúncia do Ministério Público contra o ex-ministro e o livrou de uma ação penal, o que deixou o caminho livre para que ele voltasse à vida pública.
Na gestão de Dilma Rousseff, o ocaso de Palocci começou com a revelação do incrível salto patrimonial do ministro. Reportagem do jornal Folha de S.Paulo mostrou que, em 2010, o ministro comprou um apartamento de 500 metros quadrados nos Jardins, bairro nobre de São Paulo, por 6,6 milhões de reais, e, no ano anterior, uma sala comercial na mesma região por 882.000 reais. Assim, o patrimônio do então deputado federal passou de 375.000 reais em 2006 para 7,5 milhões de reais em 2010.
O dinheiro vinha de trabalhos feitos por Palocci por meio da consultoria Projeto, da qual era sócio. O ministro, no entanto, em vinte dias de crise, não explicou quem eram os clientes de seu negócio, quanto pagaram e por qual tipo de serviço. A suspeita de tráfico de influência só aumentou.
A situação tornou-se insustentável quando reportagem na edição desta semana de VEJA revelou que o apartamento onde mora a família de Palocci, em São Paulo, é alugado de uma empresa de fachada. O imóvel, de 640 metros, está avaliado em 4 milhões de reais.
Os dois sócios da empresa proprietária do apartamento são Filipe dos Santos, de 17 anos, e Dayvini Nunes, de 23 anos, um representante comercial que ganha salário de 700 reais. Dayvini admitiu a irregularidade em entrevista a VEJA: “São coisas que envolvem pessoas com quem não tenho como brigar, como o Palocci, entendeu? Sou laranja.”
Dilma Rousseff
Hoje presidente da República, Dilma Rousseff, já esteve com a cabeça a prêmio por duas vezes quando era titular da Casa Civil, no governo Lula. Em 2008 descobriu-se que Dilma comandou a elaboração de um dossiê contra o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Em 2009, a ex-secretária da Receita Federal, Lina Vieira, contou ter sido pressionada pela ministra para arquivar uma investigação contra o filho do senador José Sarney.
Determinado a proteger Dilma e fazê-la sua sucessora, Lula abafou os casos e manteve a pupila no ministério até que ela tivesse de sair por determinação da Lei Eleitoral, para disputar as eleições de 2010.
Erenice Guerra
Ao deixar o cargo de ministra da Casa Civil para disputar as eleições presidenciais de 2010, Dilma Rousseff indicou Erenice Guerra, seu braço direito, como substituta. Erenice esteve por trás dos dois escândalos da gestão de Dilma como ministra. Foi ela quem ajudou a reunir os dados para o dossiê sobre FHC e quem agendou a reunião entre Dilma e Lina Vieira.
No cargo de ministra, Erenice foi alvejada por reportagem de VEJA, que revelou em setembro de 2010 que o filho dela, Israel Guerra, comandava, com a sua ajuda, um esquema de lobby dentro da Casa Civil. Por meio do pagamento de uma taxa de sucesso, o filho da ministra facilitava a aproximação entre empresários e o governo.
Dois dias após a denúncia, Erenice pediu demissão. O ministério ficou sob responsabilidade do então secretário-executivo da Casa Civil Carlos Eduardo Esteves Lima até o fim do governo Lula.
Fonte:Revista Veja/http://sargentoricardo.blogspot.com/
Nenhum comentário:
Postar um comentário