Moças de unha feita, algumas delas modelos, são obrigadas a matar galinha e rastejar na lama se quiserem ser aeromoça ou comissária de vôo no Brasil, atividades do curso de treinamento na selva do curso obrigatório exigido Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). A repórter Cristina Moreno de castro, que assina matéria publicada hoje na Folha de S.Paulo, foi ver no sábado como é o treinamento na mata em Juquitiba, distante 72 km de São Paulo. Encontrou 217 pessoas de 18 a 35 fazendo o curso, 70% mulheres, a maioria esbelta e de unhas feitas. Os alunos são chamados pelo número estampado no boné e cada um só pode perder cinco pontos ou é reprovado.
No local a repórter encontrou Pâmela Carvalho, de 24 anos, que até sete meses atrás era modelo na Itália, diante de uma galinha presa pelo pé, de ponta-cabeça, no tronco de uma árvore, a missão da jovem era cortar o pescoço da ave: "Só depois de vários minutos consegue concluir o abate, o corpo todo trêmulo. É aplaudida e vai acabar de chorar longe dos colegas, enquanto outros três experimentam o sangue do bicho", diz a matéria.
PEDE PRA SAIR – "Quem acha que não vai aguentar pode aproveitar e descer do ônibus agora", disse o diretor do Centro Educacional de Aviação do Brasil, Salmeron Cardoso. "É o famoso 'pede pra sair'", reforça ele com jeito de capitão Nascimento, de "Tropa de Elite".
Conforme a repórter da Folha, além do sangue frio os futuros comissários têm de aprender, ao longo de quatro a oito meses, de etiqueta a noções de meteorologia. Ali, na "selva", última etapa do treinamento, descobrem até como se faz uma boia com calça jeans. A animação chega ao auge quando todos têm que rastejar na lama e apagar fogo com extintores.
Mas não podem fugir às regras. A aluna do boné 214, por exemplo, foi flagrada comendo barrinha de cereal. "Eu estava com muita fome, porque trabalho à noite em um restaurante e vim direto do trabalho", disse ela. Os alunos só podem ingerir punhados de sal, açúcar e água até o fim do curso, às 20h30 (DF). A repórter escreveu ainda que uma outra aluna não suportou a parte de travessia na água em que candidatos tinham de simular situações no mar. Em pânico, a mulher precisou ser socorrida. Enquanto era tranquilizada, ouvia da gerente da escola: "Calma, você pode voltar em agosto." Para isso, porém, terá que desembolsar mais R$ 350. o curso todo custa cerca de R$ 3 mil.
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