A alegação de "necessidade de serviço" para justificar transferências de policiais militares para outras cidades encobre, em muitos casos, o real motivo da mudança, que é o desejo de punição contra esses policiais por
parte dos chefes de batalhões. Esta conclusão é do deputado Sargento Rodrigues (PDT), autor do requerimento que motivou uma audiência pública da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais para tratar desse assunto. A reunião foi realizada nesta quinta-feira (14/4/11). A audiência foi solicitada para discutir a transferência do 3º sargento Agnaldo Pereira da Silva, de Matozinhos para Unaí, e do cabo Alexandre Dias Félix, também de Matozinhos para Poços de Caldas. Segundo o corregedor da PM, coronel Hebert Fernandes Souto Silva, ambos foram transferidos porque nas cidades de destino o efetivo policial está defasado, mas revelou que os dois também são alvos de denúncias de que estariam realizando "bicos" como seguranças privados.
Famílias - Durante a reunião, atendendo a requerimento de Sargento Rodrigues, as esposas dos militares foram ouvidas pela comissão. Elas relataram o drama que cada família passou a viver depois da comunicação da transferência. "Não entra na minha cabeça ver meu marido protegendo pessoas em outra cidade e deixando a própria família desamparada", disse Marcilene Pereira da Silva, mulher do cabo Alexandre. Angélica de Araújo Costa, esposa do 3º sargento Pereira, disse que não tem como largar os dois empregos e a faculdade em Matozinhos para acompanhar o marido em Unaí, pois o salário dele não é suficiente para pagar as contas da família.
Ao deixar clara sua posição favorável à punição de militares que cometerem delitos, Sargento Rodrigues ponderou que essa punição deve ser proporcional, o que não estaria sendo o caso. "Estão destruindo as famílias, que na própria Constituição Federal é definida como a base da sociedade e deve ter proteção especial por parte do Estado", destacou. Segundo o parlamentar, policial que faz "bico" não pratica extorsão nem se envolve com traficantes. "O que ele quer na prática é uma renda complementar para lhe dar melhores condições de cuidar de sua família", explicou.
Questionado pelo presidente da comissão, deputado Durval Ângelo (PT), sobre a transferência do major Antônio José Zinato de Belo Horizonte para Uberaba, o corregedor explicou que o militar foi promovido e que na cidade do Triângulo Mineiro havia carência de oficiais com sua patente.
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