Muito se criticou – a oposição e a mídia conservadora – a política externa do governo Lula. Viúvas chorosas do tempo em que gravitávamos inapelavelmente em torno dos EUA, na proporção direta em que o Brasil estabelecia relações diplomáticas e comerciais privilegiadas com os grandes países periféricos – a China, a India e a Rússia, sobretudo.
O fato é que, como resultante da nova orientação, diminuímos substancialmente nossa dependência do comercio com os EUA e os países da União Europeia. E a China se converteu em nosso principal parceiro comercial.
Bom resultado, desde que saibamos explorar a situação com sentido mutuamente benéfico. É o que a presidenta Dilma buscou – dando continuidade à politica externa de Lula – em sua viagem à China de 11 a 15 últimos. Diálogo entre a principal nação sul-americana em processo de demarragem do seu desenvolvimento econômico e o gigante asiático, primeiro lugar no pódio mundial dos maiores consumidores de matérias primas e também primeiríssimo em exportação de manufaturados, em vias de se tornar o mais importante mercado de consumo do planeta.
Em nossa pauta de exportações para a China predomina largamente produtos não manufaturados (destaque para minério de ferro, soja, petróleo e celulose), dando-se o inverso em relação às nossas importações. Os descendentes de Mao Zedong compram quase nada do que fabricamos.
A amizade sino-brasileira tem importância atual e futura no mundo que tende a superar o estado atual de unipolaridade – predomínio militar e econômico dos EUA – para uma multipolaridade menos assimétrica. Mas é preciso ir além da amizade, pois nesse caso não se pode seguir o lema “amigos, amigos, negócios à parte”; é preciso firmar acordos cooperativos que tornem o comércio bilateral menos assimétrico, possibilitando o ingresso de manufaturados brasileiros no mercado chinês e tornando menos predatória a entrada de produtos chinês aqui.
Mas tem um nó a ser desatado: o encarecimento dos nossos produtos. Custos de produção onerados por uma carga tributária que não é pequena e exacerbados por um câmbio sobrevalorizado não ajudam a solucionar o impasse com os chineses. Superar esses entraves é questão nossa, interna e depende decisão política do governo. Daí a viagem da presidenta Dilma à China chamar a atenção para a necessidade de uma reforma tributária consistente e adequada às reais necessidades do desenvolvimento dopais; e de uma alteração na equação macroeconômica.
fonte: Revista Algo Mais/http://sargentoricardo.blogspot.com/
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