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sábado, 26 de março de 2011

POLICIAL SAI DE CASA E NÃO SABE SE VOLTA

Os sentimentos expressos pelo sargento Ciro, que agora luta para não ficar paraplégico não são apenas seu. Representam uma verdadeira legião de policiais que também sofrem com a criminalidade cotidiana. A violência é crescente e preocupa. Se for comparado com o contingente de mais de 12 mil PMs – que na linha de frente atuam diariamente no patrulhamento ostensivo – o numero de policiais vítimas de violência pode não ser considerado muito alto. Mesmo assim, o tamanho da omissão do estado é mais que o suficiente para soar o alarme.

Segundo levantamento feito pela própria Polícia Militar, nos últimos cinco anos mais de 50 militares foram feridos ou morreram em virtude de confrontos com a bandidagem no Rio Grande do Norte. E somente nestes últimos quatro meses, quatro PMs já foram assassinados e oito pararam no hospital, baleados gravemente. Significa dizer que, em menos de 120 dias, a média já é superior a de ocorrências registradas em um ano inteiro.

A violência aumentou? Os policiais estão mal capacitados? Ou quem sabe estão sendo displicentes, se expondo mais, subestimando os criminosos? Os bandidos perderam a noção do perigo ao medir força com a polícia?

O fato é que muitos policiais ouvidos pela reportagem, temerosos em sofrer represálias, são unanimes em afirmar que o Estado não está nem ai para eles. Os familiares também concordam. O Novo Jornal ouviu depoimentos de três policiais feridos nestes últimos quatro meses, e de familiares de dois mortos e também colheu o testemunho do policial civil assassinado. Segundo relatos, faltam melhores equipamentos de segurança, o número de viaturas é insuficiente e não há armas letais para todos, reclamam.

Um dos policiais feridos, inclusive, denunciou algo pior. “Nossos coletes a prova de balas estão vencidos”. E de fato estão. No colete utilizado pelo PM quando ele sofreu um disparo, há uma etiqueta que comprova o absurdo. Lá está escrito que o equipamento foi fabricado em 1997.

Nada de mais se a vida útil do colete não tivesse validade de quatro anos, ou seja, fazem só dez anos que o colete dele não oferece as garantias necessárias para suportar ou amortecer o impacto de um tiro.

O policial é mesmo um herói. Sai de casa e não sabe se vai voltar. Tem que proteger a vida do cidadão sem condição alguma de proteger sequer a sua própria integridade física. Os feridos não recebem um tostão para a compra de remédios. Fora da rede pública, precisam gastar todo o salário em tratamentos, porque no contrário tudo é descontado no salário. Falta apoio psicológico e social. Se o policial morrer, a família recebe apenas a pensão e pronto. Se ficar inválido, tá lascado.

Fonte: Anderson Barbosa, do Novo Jornal /http://sargentoricardo.blogspot.com

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