21 de dezembro de 2010 | 23h33 | Tweet este PostCategoria: Saúde
Cerca de 400 paulistanos vão testar a eficácia de uma vacina contra a dengue desenvolvida pelo Instituto Butantan em parceria com o Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos. As doses começarão a ser aplicadas em 2011: é a primeira vez que a capital paulista entra na rota de testes em humanos para a imunização contra a doença.
O grupo de voluntários será formado por pessoas que nunca tiveram dengue e receberá duas doses da vacina, num intervalo de seis meses. O próximo passo da pesquisa será repetir o teste em 200 pessoas, divididas em dois grupos populacionais distintos de 100 indivíduos: um que teve a doença e outro que nunca foi contaminado.
Essa etapa está prevista para ocorrer em 2012, no município de Araraquara, a 288 km da capital, região de Ribeirão Preto. Se os resultados dos testes forem positivos, e mediante a aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a vacina será aplicada em massa em Araraquara, passando depois para outras cidades do País.
O coordenador-executivo da Vigilância em Saúde de Araraquara, Feiz Mattar, diz que a cidade foi escolhida pela boa infraestrutura epidemiológica. “Temos técnicos competentes para integrar o grupo de acompanhamento da aplicação da vacina”, afirma. A cidade tem quase 200 pessoas trabalhando contra a dengue.
A vacina do Butantan, que é preventiva e não curativa, foi desenvolvida nos Estados Unidos pelo epidemiologista Donald Francis, após seis anos de estudos. Trata-se de uma imunização feita a partir do vírus atenuado.
Em agosto deste ano, uma outra vacina antidengue, desenvolvida pela Universidade Federal do Espírito Santo em parceria com o laboratório internacional Sanofi Pasteur, foi testada pela primeira vez em humanos no Brasil, conforme adiantou à época o Jornal da Tarde.
Mas o estudo não colocava São Paulo na rota de testes. Atualmente, há ainda uma terceira vacina contra a dengue em desenvolvimento: trata-se de uma ação entre a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e a farmacêutica GlaxoSmithKline, mas até agora os testes foram aplicados só em primatas.
A iniciativa do Butantan vem em um momento considerado crítico tanto para a capital como para o Estado de São Paulo em relação à dengue. Neste ano, só até o dia 11 de novembro, a capital já havia registrado 5.676 casos de dengue, mais que o dobro do total contabilizado em 2007, ano que teve 2.526 ocorrências e foi considerado o momento mais crítico da doença na cidade. Os números são do levantamento da Coordenação de Vigilância em Saúde (Covisa), da Prefeitura. Trata-se do maior índice dos últimos oito anos.
Verão com medo
O número de casos de dengue também registrou um aumento expressivo no Estado de São Paulo entre2009 e 2010, com um crescimento de quase 2.000% no número de ocorrências. Em algumas regiões, como a de Sorocaba, o número de pessoas contaminadas até agora é 50 vezes maior que o registrado em 2009.
No litoral, alguns municípios estão em risco iminente de epidemia. Dados da Vigilância Epidemiológica de São Sebastião, por exemplo, mostram que o número de casos confirmados subiu de 110 em 2009 para 1.698 até o fim de novembro deste ano. A cidade optou por fazer mutirões de limpeza nos bairros e visitas regulares às residências.
Brás Henrique, Isis Brum, Rejane Lima, João Carlos de Faria, Tatiana Fávaro e José Maria Tomazela
Fonte: Jornal da Tarde / blog do Sargento Ricardo.
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