Vitor Hugo Brandalise - O Estado de S.Paulo
Com a tragédia, surgiu solidariedade. Na cidade histórica do interior do Estado, uma enchente sem precedentes levou casas, pontes, igrejas. Um golpe em seus moradores que seria ainda maior não fosse um grupo de jovens mobilizado desde o primeiro instante para salvar o que fosse possível. Resgatou homens, mulheres, crianças - resgatou também a autoestima de um município que precisava dela.Em momentos de tensão, a mão firme de quem sabe o que faz. Foi a confiança de fazer o trabalho direito que levou uma policial a não desistir de um telefonema até ter a certeza de que a situação exigia enormes cuidados. E a vida de uma criança foi salva.
Uma imagem inspiradora, um projeto que deu certo. A natureza bem compreendida e, através da cena captada por um fotógrafo e da percepção de um músico, um prêmio e reconhecimento internacional.
O político é folclórico, a dançarina é reconhecida. Apenas o necessário para jogar mais pimenta num caldeirão que teve em São Paulo outro capítulo: pequeno, mas marcante capítulo contado ao redor de um poste de dança, num hotel da zona sul.
O bom humor e a boa sacada, a piada interna que atingiu proporção incrível - e pode indicar novo caminho profissional, num momento em que a tecnologia torna esse o maior dos desafios.
Minutos decisivos que levam a situações desagradáveis. Que, infelizmente, não podemos adivinhar. Um pouco do que foi o ano que termina, por meio das histórias de anônimos que, mesmo sem querer, acabaram nas páginas dos jornais.
Heróis ensinam policiais
Foram 20 horas seguidas com remos nas mãos, percorrendo canais lamacentos onde antes havia ruas, quintais e telhados. O rio subira 10 metros, alagando São Luiz do Paraitinga toda. Naquela manhã de janeiro, ninguém estava pronto para sair de casa. Exceto um grupo de jovens que, aos primeiros pingos d"água, já tinha os botes prontos. Entre crianças da cidade, são até hoje chamados de "anjos"."Heróis do rafting" é outra forma de nomear o grupo de 30 jovens que salvou ao menos 500 pessoas das chuvas que destruíram a cidade, em 1º e 2 de janeiro. Assim que a água baixou, eles perceberam o sucesso: apesar dos estragos, nenhuma morte.
Ao longo do ano, deram "mais de 30 entrevistas", foram homenageados no Palácio dos Bandeirantes e na praça da cidade. E, há duas semanas, começaram nova fase: os heróis do rafting agora dão treinamento para bombeiros da região.
"Fizemos oficinas para ensinar a atuar em correnteza intensa", conta Hélio dos Santos, que participou do salvamento. "Mudou um paradigma na cidade. Hoje, somos muito respeitados."
PM virou ídolo em Itanhaém
Por cinco minutos, a soldado da Polícia Militar Elenice Gonçalves Louzada, de 35 anos, pensou tratar-se de trote. Mas a criança, com voz trêmula, era coerente. Não errava a idade, nem mentia o telefone. "Tia, não é trote. Eu fui sequestrada", ela dizia, começando a ficar chorosa. Era verdade: a PM lidava com um sequestro. Do outro lado da linha, uma menina de 8 anos, mantida em cativeiro há 15 dias pela prima. Elenice evitou a possível tragédia: ela acreditou.Mais três minutos foram suficientes para a garota E.K. indicar o telefone de familiares. A PM descobriu o cativeiro, no Parque São Lucas, zona leste de São Paulo, onde prendeu a prima. Seu comparsa, Manoel de Araújo Filho, fugiu e ainda está à solta. Três semanas depois do ocorrido, a soldado encontrou E. K. duas vezes. "Na última vez, em um programa de TV, ela me contou que agora quer ser policial."
Em Itanhaém, no litoral sul, onde Elenice vive, a PM virou celebridade. "Todos me parabenizam por ser policial. Ganhei até buquê de flores dos vizinhos." No mercado e até na formatura da filha, ela foi parada para tirar fotos com desconhecidos. "É um carinho muito grande que vou levar comigo por todo 2011."
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