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terça-feira, 16 de novembro de 2010

É dura a realidade dos professores, para ensinar essa juventude sem disciplina e sem limites!

Ensino capenga

Em artigo, professor descreve quadro cruel da Educação no Estado de Pernambuco

POSTADO ÀS 15:55 EM 16 DE Novembro DE 2010


SOU PROFESSOR, POR QUE PRECISO PEDIR PARA DAR AULA?
Vivemos em uma sociedade na qual limites devem ser estabelecidos, limites devem ser compreendidos e devem ser respeitados. É durante a educação que damos aos nossos filhos que devemos percorrer o caminho da compreensão desses limites.
Todo ser humano precisa de limites e através deles é encaminhado na trajetória da vida. Adultos, adolescentes e crianças necessitam de limites. Certamente uma criança que não foi apresentada aos limites será um adulto de conduta indesejável e inconsequente, tornando-se uma ameaça a sociedade e colocando em cheque o que prescreve o artigo 205 da Constituição Federal: “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.”
A educação básica é norteada por dois princípios: a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 e o Plano Nacional de Educação (PNE), Lei nº 10.172/2001, ambos regidos, pela Constituição da República Federativa do Brasil. Quando avaliamos esses documentos, percebemos a clareza em suas propostas: LDB, artigo 1º, parágrafo 2º: “A educação escolar deverá vincular-se ao mundo do trabalho e à prática social.”
No artigo 3º, alguns dos princípios que sustentam o ensino são: II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber; IV - respeito à liberdade e apreço à tolerância; VII - valorização do profissional da educação escolar; IX - garantia de padrão de qualidade; XI - vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais.
O princípio VII é aquele que mais se distancia da realidade da sociedade brasileira. Condição extremamente desfavorável é o que o profissional da educação escolar encontra. Para não divagar e perder a epígrafe deste alento tempestivo, basta apenas lembrar as instalações físicas de nossas escolas, a desmotivação para uma formação continuada, a enfadonha jornada de trabalho para alcançar um salário digno... Não precisa continuar...
É no profissional da educação que está toda a sustentação da sociedade. É ele que eleva a auto-estima do cidadão, levando-o a compreender seu papel como indivíduo, ensinando-o a exigir seus direitos e, acima de tudo, a conhecer seus deveres.
A família, base da sociedade, tem se configurado de forma diferente, e comprometido a visualização e a compreensão correta por parte dos estudantes em relação ao ambiente escolar. Os pais pagam mensalidades às escolas e acreditam que é no ambiente escolar que toda a educação para a formação do indivíduo está depositada. Tais responsáveis deixam para escola aquilo que é obrigação do lar, aquilo que deve ser ensinado no ambiente familiar. Mas o que tem sido a família na sociedade pós-moderna? O que esta tem ensinado ao indivíduo em formação?
Professores não têm mais compreendido seu papel no ambiente escolar. As aulas são chamadas de enfadonhas, desmotivadoras, sem criatividade, sem uma sequência didática adequada. Os professores são tachados de incompetentes, impacientes, sem condições de controlar uma sala. Quantas coisas ouvimos a respeito desses profissinais tão importantes na formação cidadã e no pleno desenvolvimento da pessoa.
Chegamos a questionar: “o que estou fazendo em sala de aula? Será que eles estão entendendo a aula? Estou sendo compreendido? Eles sabem que são estudantes? Eles sabem onde estão?”
“ATENÇÃO TURMA, EU POSSO DAR AULA?” Esta é a pergunta mais comum nas escolas diante da indisciplina e falta de respeito para com o profissional da educação. Estamos em nosso ambiente de trabalho, realizamos um demorado curso universitário, dedicamos tempo aos estudos, abdicamos de nossos filhos em prol do filho do outro e simplesmente não podemos dar aulas, não podemos trabalhar. Onde estamos? Alguém pode nos ajudar? Quais são os limites? Sou professor... Sim, sou. SOU PROFESSOR, POR QUE PRECISO PEDIR PARA DAR AULA?
Pensem nisso.

Sérgio Marcelo Salvino Bezerra
Professor da Rede estadual e particular de Ensino do Estado de Pernambuco

Fonte: http://jc3.uol.com.br/blogs/blogjamildo/

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