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terça-feira, 29 de junho de 2010

A união imaginária na PMPE



Por Adriano Oliveira – Cientista Político

Diversos militares têm me procurado para falar sobre a possibilidade da Polícia Militar de Pernambuco (PMPE) oferecer aos pernambucanos candidatos aos Parlamentos estadual e federal. Quando sou questionado sobre as chances dos competidores, friso, sem pestanejar: as chances são poucas. Alguns se assustam. Outros solicitam explicações e terminam por concordar comigo.

Ora: oficial não vota em praça. E praça não vota em oficial. Esta é uma relação causal. A não ser que interesses sejam individualmente atendidos – variável interveniente. Diversos militares, os quais são bem intencionados, desejam lançar um candidato para deputado estadual e outro para federal. Com isto, teoricamente, os militares caminhariam unidos nesta disputa. Ledo engano. Repito: oficial não vota em praça. E praça não vota em oficial. Portanto, não existem chances razoáveis da corporação caminhar unida.

Outro ponto: diversos oficiais têm o seu interesse particular. Não é novidade para ninguém que, similarmente a outras instituições, a PMPE tem grupos políticos. Fulano é ligado a sicrano. Sicrano perdeu “força na corporação”. Sicrano e fulano não se pronunciarão em razão de “problemas que poderão surgir”. Enfim, como em qualquer instituição, a PMPE é divida em grupos. Por ser divida, como ela pode caminhar unida? Observem que nem em movimentos grevistas a PMPE atua unida.

Os oficiais não devem esquecer, em particular diversos coronéis, que no recente movimento grevista, a instituição PMPE partiu unida, mas no decorrer do processo para inicio de greve, os coronéis recuaram. Esta atitude consolidou o racha na corporação. O movimento grevista não ocorreu em razão das ações convincentes junto à corporação por parte do governador Eduardo Campos. E não porque os coronéis controlaram a tropa.

Acreditar que a tropa machará unida em torno de um oficial é ilusão. É ilusão também por parte de sargentos e praças acreditarem que oficiais poderão apoiá-los no processo eleitoral. Com isto, não estou dizendo que nenhum militar será eleito nesta eleição. Aliás, existem militares com chances de serem eleitos. O que estou afirmando é que é difícil a corporação PMPE caminhar unida em torno de dois candidatos nestas eleições.

Os militares que desejam obter sucesso nesta eleição precisa necessariamente obter votos “fora” da PMPE. Sem eleitores estranhos à corporação militar, a chance de sucesso dos candidatos é limitada. Saliento ainda que a PEC 300 não será incentivo para os militares votarem em militares, pois não existe previsão para a sua votação e muito menos para sua implantação.

O militar que deseja obter sucesso no pleito eleitoral de 2010 deve buscar apoios “fora” da PMPE. E ressaltar em seu discurso que a sua bandeira não é exclusivamente a PMPE, mas a sociedade. Discursos exclusivamente corporativos não elegem candidatos, a não ser que o partido, o qual o militar é filiado, tenha um excelente puxador de votos.


4 de Junho de 2010 às 14:42Autor Adriano Oliveira - Postado em Eleições 2010
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Fonte: http://www.institutomauriciodenassau.com.br/

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