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sexta-feira, 23 de abril de 2010






PMs prometem tolerância zero hoje Protesto // Dia Nacional de Luta levará à operação "pente fino" em que os policiais farão ações ostensivas nas ruas


Aline Moura // alinemoura.pe@dabr.com.br

Um racha entre as polícias Civil e Militar de Pernambuco no dia em que os profissionais de segurança pública do país decidiram paralisar as atividades por 24 horas em defesa da aprovação de um piso nacional pode deixar a população de mau humor, no mínimo. Enquanto o Sindicato da Polícia Civil do estado garante que a categoria só vai realizar ações típicas de finais de semana (como flagrantes e registro de homicídios), seis associações de PMs do estado assinaram um documento prometendo "tolerância zero" no policiamento ostensivo de hoje.

Na prática, a PM prevê trabalhar em dobro, enquanto a Polícia Civil pela metade. Uma expectativa de caos em meio a uma semana que a Secretaria de Defesa Social (SDS) e o Comando geral da PM trocaram de mãos. Ontem, inclusive, houve a transferência oficial do Comando Geral Militar do coronel José Lopes para o coronel Antônio Carlos Tavares Lira, contando com a presença do novo secretário da SDS, Wilson Damázio, e da cúpula da Polícia Civil.

Segundo os articuladores, o movimento das polícias ocorrerá no estado inteiro, mas promete ter maior repercussão nas cidades mais populosas da Região Metropolitana do Recife. Não se sabe se é a Operação-Padrão da Civil ou a Tolerância Zero que terá mais força para incomodar a vida do cidadão durante o dia. Por conta das divergências, aliás, o clima entre as duas corporações era de mal estar até o fechamento desta edição, às 22h.

Já o presidente da Associação de Subtenentes e Sargentos (ASSPE), sargento Ricardo Lima, também foi duro sobre o protesto inusitado, explicando que será uma forma de pressionar os parlamentares e agilizar a aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que tramita no Congresso Nacional. A PEC propõe a criação de um fundo policial e a regulamentação de um piso nacional.

"Comunicamos à toda tropa por e-mail e reforçamos com panfletos após a troca de comando ontem, no Quartel do Derby. As associações da PM e Corpo de Bombeiros estão unidas e vamos ser intransigentes no policiamento ostensivo, levando para a delegacia qualquer ocorrência. Seremos totalmente rigorosos na revista, coibindo qualquer delito", declarou. "O Corpo de Bombeiros será extremamente minuncioso na avaliação de extintores, hidrantes, estruturas de eventos# Quem quer brincar, é melhor deixar para sair no final de semana porque algumas casas de shows podem ser fechadas", disparou o sargento.

Mal estar - O presidente do Sindicato dos Policiais Civis, Cláudio Marinho, garantiu haver um mal estar entre as duas categorias, porque a decisão de "paralisar as atividades que não são essenciais" foi aprovada em assembleia nacional realizada em conjunto no último 23 de março, em Brasília, e aqui a PM tomou outra posição. Ele garantiu que, nas delegacias, só haverá registro flagrantes e abertura de investigação de assassinatos. Crimes de menor potencial ofensivo, segundo ele, não serão registrados.

"No mais, vamos deixar de fazer diligências, entregar intimações e fazer ouvidas. Se a PM quer trabalhar assim hoje, porque não trabalha todo dia? Isso significa que ela vem sendo conivente com o que está errado? a PM vai prender até quem está vadiando. Isso é um desserviço. Desde quando andar sem identidade é crime?", protestou Cláudio Marinho, acrescentando que a PM está defendendo seus próprios interesses e fragilizando a luta geral.

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