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quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Secretaria de Defesa Social cancela compra de tapetes e anuncia concurso para mais de 2 mil 400 cargos

Publicado por Letícia Lins às 7:30

Avenida Conde da Boa Vista, uma das mais movimentadas do Recife virou alvo de bandidos. Foto: Diego Nigro.

Enquanto policiais e o governo trocam farpas, o povo segue sendo assaltado pelas ruas. As queixas agora vêm da Avenida Conde da Boa Vista, uma das mais movimentadas do centro do Recife, de onde chegam denúncias segundo as quais os passageiros não podem mais aguardar seus ônibus com tranquilidade. “Assaltos no trecho entre o Shopping Boa Vista e a Fafire estão se tornando rotina. Na terça, uma colega foi obrigada a entregar a bolsa com a faca no pescoço”, acusa o bancário Paulo Brito. Uma das vítimas é uma colega dele, que trabalha no Banco do Nordeste do Brasil. Mas a Secretaria de Defesa Social deu um consolo. Anunciou que  já estão autorizados concursos para cem delegados, 500 agentes, 50 escrivães, e 310 cargos da Polícia Científica. Informou ainda, embora sem precisar datas, que serão abertas 1,5 mil vagas para soldados da Polícia Militar. Não foi a única novidade repassada ao JC nas Ruas pela SDS, que assegurou, também, que cancelou a compra de mil metros quadrados de tapetes. O edital do pregão foi publicado no dia 7 de agosto, conforme noticiado por esse blog. O valor da compra, estipulado em R$ 166,6 mil, daria para adquirir 230 coletes à prova de bala, segundo apurou o JC nas Ruas.
Nota distribuída pela SDS informa que “decidiu cancelar a Ata de Registro de Preços mencionada pela coluna, “pois não há prioridade para aquisição dos mesmos em 2015″, referindo-se aos tapetes.  Esclarece, no entanto, que “o modelo da ata em questão não gera obrigação de adquirir o produto, sendo medida administrativa para agilização dos trâmites e posterior tomada de decisão relativamente às prioridades de aquisição”. A aquisição dos tapetes vinha sendo alvo de críticas entre grupos fechados de policiais nas redes sociais. E vazou para a imprensa, com críticas feitas por delegados, que se queixaram do trabalho com coletes à prova de bala vencidos.  Segundo a SDS, a Chefia da Polícia Civil já havia determinado o recolhimento de todos os coletes nessa situação, “que eventualmente estivessem em uso”, assim como “a redistribuição dos coletes válidos, observadas as necessidades de cada operacionais de cada unidade”. Para a SDS, caso existam coletes sendo usados fora do prazo de validade, “tal fato configura descumprimento de ordem superior, e será apropriado na sede apropriada”.
Acusada de omissão por muitos cidadãos que dela precisam –  em caso de assaltos, morte violenta de parentes, ou por furto de veículos, por exemplo – a polícia civil negou que esteja se omitindo. “Os cidadãos que se queixam de omissão ou má vontade da polícia, em realidade, cometem um grande equívoco ocasionado pelo desconhecimento. A polícia civil trabalha com 40 por cento do seu efetivo ideal, tendo sofrido cortes no orçamento de abastecimento de veículos, telefones e até mesmo na manutenção e limpeza de delegacias. O sucateamento da instituição, resultante de política de governo inadequada, afeta criticamente o atendimento à população”, dizem os delegados. Mas de acordo com a SDS, o quadro atual da civil é de 4 mil 561 servidores, o que  “representa um acréscimo de nove por cento em relação a 2007″  (ano em que foi lançado o Pacto pela Vida).
O Pacto, aliás, também virou motivo de questionamento pelos policiais. Na nota enviada ao JC nas Ruas, delegados dizem que ele “não representa a melhor opção para a segurança pública em Pernambuco. Somos contrários a um programa de governo que não funciona, e somos contrários ao sucateamento que resulta na sua ineficiência. Nós somos contra a propaganda política que esconde a realidade caótica que vivem nossas polícias”.  Afirmam que a decisão deles é por “priorizar a segurança pública e não iniciativas midiáticas do governo”, referindo-se, mais uma vez ao Pacto.  O que a população teme é que a iniciativa dos delegados – que até já fizeram enterro simbólico do Pacto pela Vida – fragilize ainda mais a segurança no estado, onde os homicídios voltaram a subir e os assaltos vêm crescendo de forma assustadora. Ou se acaba com o impasse, ou a situação vai piorar.

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