Policiais se comovem, pagam fiança e fazem compras para ladrão no DF
Ele
disse que estava sem comer havia 2 dias e tentou furtar carne para
filho. Cena foi flagrada por câmera de segurança, e dono de mercado
denunciou.
14/05/2015 08h45 - Atualizado em 14/05/2015 16h26
Policiais
civis do Distrito Federal se sensibilizaram com a história de um ladrão
e deram um final surpreendente a uma tentativa de furto de 2 kg de
carne: pagaram a fiança e fizeram compras para o eletricista
desempregado, que contou em depoimento ter praticado o crime para
alimentar o filho de 12 anos. Mario Ferreira Lima cria o menino sozinho
desde que a mulher se mudou para a casa de um filho mais velho, de outro
casamento, para se recuperar das sequelas de um acidente.
Ele
cuida da casa e do menino pela manhã e à tarde vai atrás de bicos, mas
não conseguiu nada nos últimos dois meses. A gente sabe que o crime não é
certo, mas eu me ponho no lugar. Imaginei a minha filha passando fome. O
que eu não faria nessa situação?"
Ricardo Machado,
O
incidente aconteceu nesta quarta-feira (13), em um mercado de Santa
Maria. De acordo com o agente Ricardo Machado, o desempregado contou em
depoimento que se confundiu com as datas e achou que já tivesse caído na
conta os R$ 70 que recebe mensalmente por meio do Programa Bolsa
Família. Ele foi então ao comércio comprar pão, muçarela, mortadela e
carne.
Na
hora de passar as compras no caixa, o homem descobriu que o valor que
tinha de saldo – R$ 14 – era insuficiente e tentou esconder a carne na
bolsa. Os 2 kg do alimento custavam R$ 26. A ação foi flagrada pelas
câmeras de segurança, e o dono do estabelecimento não aceitou as
desculpas do ladrão e acionou a polícia.
Machado
conta que o desempregado desmaiou pouco depois de chegar à delegacia.
Questionado se estava bem, o homem respondeu que estava havia dois dias
sem comer, porque deixou o filho consumir sozinho o pão que restava em
casa.
O
agente terminou de ouvir a história do suspeito – que narrou ter
perdido o emprego com carteira assinada por ter precisado acompanhar a
mulher nos oito meses em que ela ficou internada em coma no hospital – e
procurou os colegas. “Dei a ele R$ 30 para pagar a carne e depois fui
contar aos colegas o que estava acontecendo no plantão. Ficou todo mundo
comovido, e logo um tirou R$ 5, outro R$ 10, outro R$ 20 do bolso”,
lembra.
A
ocorrência foi registrada na delegacia do Gama Oeste, e a fiança foi
estipulada em R$ 270. Sensibilizada, uma agente pagou sozinha o valor,
enquanto os colegas arrecadavam mais dinheiro para comprar mantimentos
para o ladrão.
Ele
disse que tinha mais de mês que não escovava os dentes com pasta, e
pedimos que ele pegasse lá, então. Ele, na humildade dele, voltou com a
menorzinha e mais barata. Brincamos que isso não dava nem para um dia e
pegamos logo cinco, aí pegamos sabonete e todo o resto"
Ricardo Machado
Quatro
policiais acompanharam o eletricista desempregado até o supermercado,
onde compraram arroz, feijão, macarrão, biscoito e itens de higiene. “Na
hora que passávamos pela seção de higiene, um colega perguntou se ele
tinha pasta de dente. Ele disse que tinha mais de mês que não escovava
os dentes com pasta, e pedimos que ele pegasse lá, então. Ele, na
humildade dele, voltou com a menorzinha e mais barata. Brincamos que
isso não dava nem para um dia e pegamos logo cinco, aí pegamos sabonete e
todo o resto.”
Os
agentes acompanharam o homem até a casa dele. Machado diz que ele “não
conseguia acreditar e não parava de agradecer”. “Ele cuida da casa e do
menino pela manhã e à tarde vai atrás de bicos, mas não conseguiu nada
nos últimos dois meses. A gente sabe que o crime não é certo, mas eu me
ponho no lugar. Imaginei a minha filha passando fome. O que eu não faria
nessa situação?”, questionou.
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