Pesquisa da FGV, com policiais de todo o Brasil, concluiu que a categoria está insatisfeita e quer mudanças nas corporações.
Uma
pesquisa da Fundação Getúlio Vargas, com policiais de todo o Brasil,
concluiu que a categoria está insatisfeita e quer mudanças nas
corporações.
A
pesquisa sobre segurança pública ouviu 21 mil policiais rodoviários,
militares, federais, civis, peritos e bombeiros em todo o país. Quase
40% tem nível superior completo e a maioria têm muitas reclamações: o
número insuficiente de policiais, a falta de verba para a compra de
armas e equipamentos, a corrupção e a rivalidade entre as diferentes
esferas da polícia e os baixos salários são as principais dificuldades
apontadas.
Ao
todo, 31% dos entrevistados recebem até R$ 3 mil por mês. A relação com o
Ministério Público e com o poder judiciário também aparece na pesquisa.
Para quase 15% dos entrevistados, a atuação do MP torna mais difícil o
trabalho policial. E se a pergunta for com relação à Justiça, este
número é ainda maior.
Mais de 40% dos ouvidos acreditam que o policial que mata um criminoso deveria ser premiado e inocentado pela Justiça.
“É
um equívoco por parte destes profissionais. O policial, ele recebe um
mandato das pessoas. Na verdade o mandato das pessoas, aquilo que
realemente para o que ele foi formado, e este mandato lhe dá o direito a
usar a força de acordo com a lei. Qualquer coisa que extrapole isso
significa crime”, aponta Paulo Storani, especialista em segurança.
No
caso da morte de suspeitos mais de 80% acham que os envolvidos devem ser
investigados e julgados. Apesar das dificuldades, metade dos
entrevistados planeja se aposentar na corporação.
Mas a
insatisfação é alta. E 38% disseram que não escolheriam essa profissão
novamente. A pesquisa também revelou que a maior parte dos entrevistados
já foi discriminada por ser policial ou profissional da área de
segurança. Para os especialistas, é um sinal da falta de confiança da
população no trabalho da polícia.
“Quando
você tem uma polícia desmotivada, tem uma polícia que corre riscos
desnecessários, a qualidade do trabalho acaba sendo prejudicada. Faz com
que a população não se sinta confiante em relação ao trabalho do
Estado. E sem confiança, o que acontece? A gente aumenta a sensação de
medo e insegurança”, diz Renato Sérgio de Lima, da Fundação Getúlio
Vargas.
Quase
todos os policiais querem mudanças e concordam que é preciso modernizar
os regimentos e códigos disciplinares das corporações.
“A
mudança se faz necessária, é muito mais ampla do que apenas você mexer
com salário, ou seja, pensar só mais efetivo, mais pessoas, mais armas e
mais viaturas. A questão é bem mais complexa do que isso”, comenta
Renato.
Em
nota, o Ministério da Justiça declarou que investe em capacitação e
aparelhamento na área de segurança pública. E afirmou que a questão
salarial é da competência dos governos estaduais.
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Fonte: Jornal Nacional
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