“UM ASPECTO QUE FRAGILIZA A PM, É A ESTRUTURA MILITARIZADA”, EDMILSON LOPES, SOCIÓLOGO
Leia a seguir uma entrevista que a tribuna do norte fez com o
professor do Departamento de Ciências Sociais da UFRN, Edmilson Lopes:
Se levarmos em conta o Brasil, a nossa polícia está bem preparada?
A polícia do RN, e eu falo com mais tranquilidade a respeito da PM, é
composta de muitos bons quadros. Temos oficiais competentes e com
formação qualificada. Não são poucos os policiais militares, e não
apenas oficiais, detentores de cursos de pós-graduação. Um aspecto que
fragiliza a PM, é a estrutura militarizada. Essa estrutura se traduz em
um cultura que não premia a criatividade e nem a inovação. Mas o
despreparo da polícia, se deve também a recursos. Não adianta você pagar
salários - até razoáveis - e não poder mobilizar os policiais em um
número maior de operações porque não dispõe de recursos para o pagamento
das diárias operacionais. É vexaminoso vermos áreas estratégicas, como a
turística ou postos de controle de cargas, sem uma presença policial
porque não há recursos.
O cidadão potiguar pode se sentir seguro?
Não. Ele teme por sua vida e a vida dos seus. Mas esse medo de ser
vítima da ação de criminosos é algo muito forte em todo o país, mesmo em
regiões que vem tendo um declínio acentuado nas taxas de homicídios.
Agora, a parte mais vulnerável à violência, aquela que mora nas áreas
mais pobres da Região Metropolitana de Natal, tem todas as razões do
mundo para viver com medo. As taxas de homicídios em algumas dessas
áreas é igual a de países como El Salvador, primeiro lugar no triste
ranking de homicídios no mundo. Famílias inteiras são psicologicamente
abaladas por experiências em que um ou mais de seus membros tornaram-se
presas de um grupos criminosos formado por indivíduos que não buscam
apenas tomar os bens do outro, mas também, e sobretudo, humilhar e
ferir. Essas histórias se espalham e criam um "pânico moral".
Atualmente, quais os principais fatores que levam ao aumento da criminalidade do nosso Estado?
O nó central é garantir que a PM faça um policiamento que combine
prevenção com repressão seletiva e a Polícia Civil alcance um grau de
resolutividade que faça-nos superar a impressão de impunidade. A
ausência de resolução para os casos de homicídios, por exemplo, coloca a
violência em uma espiral ascendentes. A impunidade (e, mais que isso, a
sensação de impunidade) é um fator importante. Por outro lado, você
encontra criminosos que, conhecendo o funcionamento do sistema
penitenciário, preferem uma vida curta e ensandecida nas ruas ao
cumprimento de penas em cenários dantescos.
Aumentar o número de policiais é mesmo a única solução para combater a criminalidade?
Aumentar o contingente é importante, sem dúvidas, mas é necessário que
essa medida seja acompanhada de um conjunto de outras. E é importante
que a sociedade entenda que segurança pública não é uma responsabilidade
exclusiva dos órgãos policiais. A cidadania pode (e deve) contribuir
para consolidar esse valor da cidadania, que é a segurança de todos e de
cada um.
FONTE: TRIBUNA DO NORTE
http://caboheronides.blogspot.com.br/http://sargentoricardo.blogspot.com.br/COMENTÁRIO DO CABO HERONIDES“O sociólogo, Edmilson Lopes, foi bem claro ao dizer que o militarismo não premia a criatividade e nem a inovação. Favorecendo deste modo a fragilização da Polícia Militar e consequentemente a baixa qualidade do serviço de segurança prestado pela corporação a sociedade. Ou seja, uma grande mudança positiva que iria fortalecer a instituição e melhorar a prestação do serviço de segurança seria a desmilitarização da polícia militar.”
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