Noticias

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

SALÁRIO - Oposição se une às centrais por mínimo de R$ 560


Aécio comanda reunião entre tucanos, o líder do DEM na Câmara e sindicalistas para costurar plano B à proposta do PSDB e tentar derrubar os R$ 545 do projeto do governo

Josie Jeronimo - Estado de Minas
Aécio com o deputado Paulo Pereira da Silva (e), outros parlamentares e
sindicalistas unidos em torno de um valor maior para o salário mínimo
Representantes de centrais sindicais vão permanecer em Brasília para

pressionar os deputados

Brasília – O gabinete do senador Aécio Neves (PSDB-MG) foi palco ontem de reunião entre as centrais sindicais e representantes da oposição. Embora os tucanos já tenham anunciado que pretendem defender um mínimo de R$ 600, mantendo coerência em relação à proposta apresentada pelo candidato do partido à Presidência em 2010, José Serra, Aécio defende que a oposição tenha um plano B, caso sua posição seja derrotada tendo em vista a solidez da base governista tanto na Câmara, como no Senado. O governo propõe piso salarial de R$ 545. A melhor alternativa, na avaliação de Aécio, seria encampar a proposta do movimento sindical, que começou propondo um mínimo R$ 580 e agora baixou para R$ 560, valor defendido também pelo DEM.

O líder do DEM na Câmara, Antônio Carlos Magalhães Neto (BA), também participou do encontro. “Vamos conquistar votos de deputados que são independentes e que acreditam que é possível conceder R$ 15 a mais para o trabalhador”, afirmou o líder do DEM na Câmara, Antônio Carlos Magalhães Neto (BA). “Nós queremos um salário mínimo maior. Não será uma derrota para a presidente Dilma Rousseff, é uma justiça para o trabalhador”, reforça o deputado Onofre Agostini (DEM-SC).

A questão, entretanto, divide o PSDB. A corrente que defende a renovação da imagem tucana, com a aproximação dos movimentos sociais entrou no acordo com as centrais sindicais que encontraram no patamar de R$ 560 um valor “viável” para o reajuste do mínimo. Atento ao futuro do partido, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) tenta canalizar a insatisfação dos movimentos sindicais com a política do governo para o salário, fechando acordo com as centrais pela união da oposição com a bancada trabalhista da Câmara para derrotar o Planalto e aprovar um mínimo maior. “Centrais trazem um apelo aos partidos de oposição, para unificar em R$ 560. Vou levar à bancada um plano B. Derrotada essa proposta (de R$ 600), os partidos de oposição não deveriam se dispersar, mas encontrar consenso”, ponderou Aécio. O gabinete do senador mineiro foi tomado ontem por líderes de diversos seguimentos sindicais, levados pelo presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP). Os representantes das centrais foram pedir a Aécio apoio na proposta dos R$ 560.

A ala serrista do PSDB, entretanto, teme que abrir mão dos R$ 600 e encampar a bandeira alternativa das centrais sindicais seria colocar a imagem do tucano em xeque. O valor proposto por Serra durante a campanha presidencial foi questionado por técnicos e estudiosos do orçamento da União, que argumentavam que a Previdência e as prefeituras não comportariam o impacto de um salário mínimo de R$ 600. A bandeira de um salário mínimo maior foi estratégia lançada pelo PSDB durante a campanha depois de pesquisa qualitativa entre eleitores mostrar que o discurso de Marina Silva (PV) agradava à classe média, e o PT continuava reinando entre os mais pobres.

Aliados do ex-presidenciável temem que, se o PSDB abandonar agora a bandeira dos R$ 600, a proposta de Serra pode soar como irresponsável e eleitoreira. “É um compromisso de campanha, nós temos o dever de sustentar a proposta. A imagem do partido é essencial. Não podemos estabelecer rupturas de compromissos de campanha, pois perderemos a credibilidade”, defende o senador Álvaro Dias (PSDB-PR).

Apesar da movimentação em torno do valor alternativo, o presidente do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE) afirmou que o partido definiu entendimento na reunião da bancada na Câmara de que os tucanos apoiarão os R$ 600 sem possibilidade de plano B. “Na reunião da bancada ficou fechado que todo mundo trataria dos R$ 600 e não haveria outra alternativa. Não tenho informação sobre a última reunião. Importante é que os trabalhadores saiam vitoriosos”, afirmou Guerra.

Antes do encontro dos tucanos e de ACM Neto com representantes das centrais, o secretário executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, e o ministro de Relações Institucionais, Luiz Sérgio, haviam defendido a posição do governo sobre o reajuste do piso nacional em reuniões com as bancadas do PSDB e do DEM. A exposição de Barbosa, entretanto, não convenceu os deputados. Os tucanos levaram para o economista Geraldo Biasoto, um dos consultores de José Serra para defender a posição do PSDB. Para Biasoto, a elevação do mínimo a R$ 600 ajudaria a compensar perdas que os trabalhadores com rendimento menor vêm tendo com a inflação. (Com agências)

Nenhum comentário:

Postar um comentário